Instituto de Oxford está mais próximo da vacina contra a covid-19


Fonte: PA/Sean Elias/Reprodução

Em janeiro, a vacinologista da Universidade de Oxford Sarah Gilbert soube que cientistas chineses estavam estudando um vírus misteriosos surgido em Wuhan. Ela pediu uma cepa para seu laboratório. “Pensei: ‘Será um pequeno projeto de laboratório para publicarmos um artigo’”, disse ela ao jornal The New York Times.

Esse "pequeno projeto de laboratório" pode agora ser aquele que resultará na primeira vacina, a ChAdOx1 nCoV-19, contra o novo coronavírus.

Ela e o também vacinologista Adrian Hill, diretor do Instituto Jenner e professor de genética humana na Universidade de Oxford, lideram a pesquisa que está à frente das outras: o Jenner trabalha há décadas com inoculações já testadas em humanos.

O vacinologista Adrian Hill está à frente da pesquisa no Instituto Jenner, na Universidade de Oxford. Fonte: REUTERS/Eddie Keogh/Reprodução

Nessa corrida contra o tempo e o vírus, um dos problemas que a equipe do instituto britânico enfrenta é, ironicamente, a contenção da pandemia. A ética médica impede que participantes de testes clínicos sejam infectados com uma doença grave; é preciso que o vírus ainda esteja se espalhando naturalmente.

Dados clínicos embasaram permissão

Os reguladores de saúde britânicos permitiram a testagem em humanos baseados nos dados de segurança oriundos de testes clínicos, acumulados em décadas de estudos do instituto para vacinas contra ebola, Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers) e malária.

Testes clínicos com outras doenças deram ao Instituto Jenner vantagem na corrida contra a covid-19. Fonte: REUTERS/Eddie Keogh/Reprodução

O ensaio clínico da Fase I começou no último dia 23 de abril, com 1,1 mil pessoas; outras 5 mil farão parte das fases II e III em maio.

Na Grã-Bretanha, a taxa de novas infecções começou a cair, e o medo de Hill e sua equipe é que o ensaio clínico falhe por falta de infectados. O instituto talvez precise ir atrás do vírus onde a pandemia não arrefeceu, como na África e na Índia. "Não descartamos a ideia de ter que acabar testando a vacina nos EUA em novembro", disse Hill.

Macacos vacinados e saudáveis

Pesquisadores do Laboratório das Montanhas Rochosas do Instituto Nacional de Saúde de Montana, EUA, inocularam em março seis macacos rhesus (a mesma espécie que forneceu ao mundo o fator sanguíneo Rh) com a vacina produzida pelo Instituto Jenner. Um mês depois, todos continuavam saudáveis.

Macacos rhesus são usados em experimentos em laboratório por sua fisiologia, a mais próxima da humana.Fonte: China Daily/REUTERS/Reprodução

O sucesso do laboratório americano pode não se repetir em seres humanos. Mesmo assim, os cientistas em Oxford estão otimistas: a maioria das etapas que envolvem a descoberta de uma nova vacina já ficou para trás no Instituto Jenner, ao contrário de outros laboratórios.

Americanos exigiram exclusividade

"É um programa clínico muito rápido. De qualquer maneira, será preciso mais de uma vacina; isso ajudará a evitar gargalos na fabricação”, disse o diretor do programa de vacinas da Fundação Bill e Melinda Gates, Emilio Emini, que está financiando institutos e laboratórios em busca da vacina.

O clínico acadêmico de Oxford Alexander Douglas já está em negociações com meia dúzia de laboratórios da Europa e Ásia para a produção de bilhões de doses no menor prazo possível, se a vacina for aprovada.

Fabricantes dos EUA foram descartados por exigirem licenças mundiais exclusivas. Até agora, nenhum dos fabricantes europeu ou asiático pediu ou recebeu exclusividade (um deles é o maior fornecedor mundial de vacinas, o Serum Institute of India).

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