Etanol de segunda geração promete 'revolucionar setor', diz especialista

Combustível poderá ser produzido a partir da celulose da cana-de-açúcar.
Professor da Unicamp afirmou que Brasil passa por fase de experiências.


O sucesso do etanol de segunda geração, que produz combustível a partir da celulose da cana-de-açúcar e amplia sua produtividade, poderá revolucionar o setor sucroenergético do Brasil, na opinião do professor Sérgio Salles-Filho, coordenador do Núcleo de Apoio à Gestão da Inovação para a Sustentabilidade no Setor Sucroenergético (Nagise) da Universidade de Campinas (Unicamp).
O especialista comanda um programa de gestão de inovações no campus da universidade em Limeira (SP) com representantes das principais empresas do setor no estado de São Paulo e, segundo ele, a inovação ainda está fase de experiência, mas se tiver sucesso pode fortalecer o país no mercado internacional. O sucesso do novo etanol é visto como uma das saídas para a crise que o setor atravessa desde 2009.
"Há três ou quatro investimentos sérios em São Paulo que já têm escala industrial. Como são novos, ninguém sabe ao certo se dará bons resultados porque as tecnologias não foram testadas em escala industrial. Estamos no momento de descobrir se teremos mudança de paradigma ou não", disse.
Salles-Filho explicou que a produção a partir da celulose amplia a produtividade das usinas em até 20 vezes. "O passo da segunda geração muda tudo. Se isso vai acontecer ou não é difícil dizer, mas existem investimentos sérios, investimentos grandes. Espero que dê certo, porque significa um passo muito grande no cenário internacional", disse.
1ª unidade em Piracicaba
Em setembro deste ano, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou um financiamento de R$ 207,7 milhões para a construção de uma unidade de etanol de segunda geração em Piracicaba (SP).

O projeto, que deve durar dois anos para ficar pronto, vai usar o bagaço e a palha da cana usados na produção convencional de etanol e reaproveitá-lo. Segundo o banco, esta é a primeira unidade do mundo nesses moldes. O programa acontecerá na Usina Costa Pinto, da Raízen, e prevê capacidade de 40 milhões de litros por ano, segundo a instituição.
O BNDES já aprovou financiamento de outros quatro projetos destinados ao desenvolvimento do etanol de segunda geração, no valor total de 991 milhões de reais.

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