Apesar de ter grandes reservas, o Brasil não lavra nem produz compostos de terras-raras, segundo estudo do Centro de Gestão e Estudos Energéticos (CGEE)

O Brasil não produz e consome pouco minerais de terras-raras, considerados estratégicos pelo Plano Nacional de Mineração pela utilização crescente em tecnologia de ponta. A ideia é incentivar a cadeia produtiva, da lavra à indústria

Produção de minério de ferro em MG: a Vale possui também lavra com 9,7 mil toneladas de terras-raras já medidas (Foto: Marcelo Araújo/Agência Vale)

Em 2011, com o Plano Nacional de Mineração 2030 (PNM), o governo federal deu às terras-raras o caráter de minerais estratégicos pela crescente utilização em novas tecnologias, ao lado de minerais importantes para a manutenção da agricultura nacional, como o potássio e o fósforo, e para a balança comercial brasileira, como o minério de ferro, grande fonte de divisas para o Brasil.
Mas, se o país quiser dar às terras-raras o tratamento estratégico previsto, terá de trabalhar muito. O Brasil, hoje, não lavra nem produz compostos de terras-raras. O pouco que o país utiliza desse tipo de minério é importado, já que a cadeia produtiva de terras-raras no Brasil é incipiente. Esse é o retrato do setor, delineado pelo estudo Usos e Aplicações de Terras-Raras no ­Brasil: 2012–2030, do Centro de Gestão e Estudos ­Estratégicos (CGEE), ao qual a revista Em Discussão! teve acesso em primeira mão.
Apesar de o quadro atual ser pouco animador, o estudo defende que o país, pela variedade de depósitos minerais, apresenta boas perspectivas para extração de terras-raras. E existe demanda exterior para que se comece a produzir e exportar o minério. Em 2011, diante do aumento dos preços do produto chinês, Japão, Alemanha e França, por exemplo, acionaram o Brasil para uma futura exploração e produção de mineral de terras-raras.
A falta de informação sobre o tamanho das reservas brasileiras de terras-raras é a primeira dificuldade. Os números existentes hoje são conflitantes. Segundo o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), do Ministério de Minas e Energia (MME), o país possui cerca de 40 mil toneladas em reservas medidas, conforme dados de 2011, o que representa cerca de 0,3% do total mundial. Essas reservas encontram-se, principalmente, nos estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro. Estão sob regime de exploração pela Mineração Terras Raras, pela Vale e pela estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB), vinculada ao ­Ministério da Ciência, Tecnologia e ­Inovação (MCTI).
Segundo o engenheiro químido Alair Veras, a INB abandonou a exploração de terras-raras. Atua somente na cadeia produtiva do urânio — da mineração à fabricação do combustível para as usinas nucleares de Angra dos Reis (RJ). No entanto, a empresa ainda tem monazita estocada nas instalações nas cidades de Caldas (MG) e de São Francisco de Itabapoana (RJ).

Alair Veras, da INB, estatal que tem 
parte das reservas conhecidas de terras-raras, 
mas que deixou de explorá-las na década passada
(Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado)

Embora a quantidade medida de reservas até o momento seja ­pequena, pesquisadores acreditam que o país tem grande potencial. Estudo realizado em 1994 pelo Centro de Tecnologia Mineral (Cetem) identifica 35 pontos de ocorrência de terras-raras em diferentes locais, como Minas Gerais, ­Goiás e Amazônia.

Fonte e demais informações: http://www.senado.gov.br/noticias/Jornal/emdiscussao/terras-raras/realidade-brasileira/apesar-de-ter-grandes-reservas-o-brasil-nao-lavra-nem-produz-compostos-de-terras-raras-segundo-estudo-do-centro-de-gestao-e-estudos-energeticos-cgee.aspx

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