PUBLICADO EM 04/08/13 - 03h00
Itabira. Fundada como distrito de Caeté em 1827 e elevada à categoria de cidade em 1833, Itabira, na região Central de Minas Gerais, começou a conhecer o desenvolvimento mais de um século depois, em 1942, quando a Vale – na época Companhia Vale do Rio Doce – instalou ali sua primeira mina de ferro. Nas décadas seguintes, a cidade cresceu à sombra da mineradora, sem buscar alternativas para a economia local. No fim do século XX, o município viu seu pior fantasma muito de perto: com a iminência do fechamento da mina, os itabiranos chegaram ao desespero, sem saber o que seria da cidade no futuro.
Salva pela tecnologia, que permitiu o aproveitamento do minério de baixa qualidade que ainda há no solo da cidade, Itabira respirou aliviada há cerca de dez anos, quando a Vale anunciou que a mina teria sobrevida de cinco décadas. Com isso, a cidade ganhou uma segunda chance para criar um modelo de desenvolvimento menos dependente da mineração.
Por um tempo, a solução pleiteada pelo município foi a verticalização da Vale e a construção de uma usina de pelotização de minério de ferro e de uma siderúrgica. “Isso poderia trazer ganhos imediatos, mas não resolveria o problema essencial. Quando o ciclo do minério acabasse, esses projetos acabariam junto”, explica o diretor de Ferrosos para o Sudeste da Vale, Antônio Padovezi.
Educação como solução. A saída, costurada pela empresa e pelo poder público, foi a atração para Itabira de um campus da Universidade Federal de Itajubá (Unifei), com a oferta de nove cursos de engenharia e o desenvolvimento de um polo de formação de mão de obra qualificada para todo o quadrilátero ferrífero. A universidade e o governo assumiram a infraestrutura necessária e a Vale bancou os laboratórios da universidade. O investimento total foi de R$ 100 milhões.
O campus, que foi inaugurado em 2008, tem 150 alunos e, no mês de julho, formou sua primeira turma de engenheiros. “A escola está aqui não para formar mão de obra para a Vale, mas para formar empreendedores. A intenção é que a cidade deixe de ser uma cidade de economia mineral para ser uma cidade com a economia do conhecimento”, explica o diretor do campus Marcel Fernando Parentoni.
Padovezi, da Vale, ressalta que a escola não foi criada para absorver profissionais. “Não há nenhuma relação entre os cursos e a demanda da Vale por profissionais. A diferença é que agora são os profissionais, a maior parte deles empreendedores, que procuram a empresa”, afirma.
Ex-morador de Itabira, Geovane Luciano voltou para a cidade para estudar, com a intenção de não sair mais. “Eu até já trabalhei na operação da Vale, mas fui estudar em Ipatinga (no Vale do Aço). Agora voltei com outra condição, quero abrir um negócio próprio ou continuar estudando”, diz o aluno do curso de engenharia elétrica. “A estrutura é excelente e até penso em fazer carreira aqui”, diz o carioca Lucas Guedes, que saiu de Valença, no interior do Rio, e está no 5º período de engenharia de produção.
Incerteza
Frigorífico. Em Janaúba, no Norte do Estado, o frigorífico Independência fechou as portas em 2009 deixando sem trabalho cerca de 800 pessoas. O frigorífico era o segundo maior empregador da cidade, atrás apenas da prefeitura. Hoje, os produtores ainda têm esperança de solução do impasse judicial e reabertura do frigorífico.
Apreensão
Usiminas. A crise siderúrgica mundial deixa apreensiva Ipatinga, no Vale do Aço, que é totalmente dependente da Usiminas. Apenas no primeiro trimestre do ano, a empresa apurou prejuízo de R$ 127 milhões e a arrecadação municipal com o ISS caiu pela metade em dois anos. Cerca de 10% da população trabalha diretamente na empresa.
Fonte e demais informações: http://www.otempo.com.br/capa/economia/itabira-ganha-segunda-chance-ap%C3%B3s-fantasma-de-fim-da-mina-1.691377
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