A USP é a primeira instituição brasileira de nível superior a oferecer aulas gratuitas e virtuais de forma massiva para qualquer interessado
A Universidade de São Paulo (usp) e o portal Veduca lançam, nesta semana, o primeiro Mooc (cursos virtuais, gratuitos e de nível superior) da América Latina. Os cursos serão ministrados por professores da instituição e veiculados pela plataforma. Por enquanto, as duas disciplinas previstas são física mecânica básica e probabilidade e estatística.
O lançamento, marcado para amanhã, coloca o Brasil no centro de um movimento internacional que tem mexido com a educação superior, em que universidades tradicionais oferecem gratuitamente aulas para milhões de pessoas espalhadas pelo mundo.
Esperamos que universidades particulares possam usar essas aulas
Vanderlei Salvador Bagnatoprofessor da USP
Tradicionalmente, os brasileiros estão entre os mais assíduos em plataformas como o Coursera - lançado pelas universidades de Stanford, Michigan, Pennsylvania e Princeton - e edX - iniciativa de Harvard e MIT. Mas, até agora, não havia uma instituição de nível superior brasileira que oferecesse aulas gratuitas e virtuais de forma massiva para qualquer interessado. Os professores que assumem a responsabilidade de começar são Vanderlei Salvador Bagnato, coordenador da Agência USP de Inovação e responsável pela disciplina de física, e a dupla Melvin Cynbalista e André Leme Fleury, que dará aula de estatística no Departamento de Engenharia de Produção.
"Buscamos professores interessados em participar. Com o anúncio, outros professores e até outras universidades já demonstraram interesse em oferecer cursos", afirma Eduardo Zancul, sócio do Veduca. Algumas instituições - como a Unicamp, a Unesp e a própria USP - já haviam dado passos no sentido de oferecer videoaulas, animações e outros materiais para consulta por meio de seus sites. Os Moocs, no entanto, dão um passo além, uma vez que os alunos são inscritos numa disciplina com começo, meio e fim, com exercícios a completar e grupos com os quais deverão interagir. "Nós dividimos aulas longas em vídeos menores, com quizzes no meio. Em breve, teremos um chat ao vivo para os alunos que estão on-line", diz Zancul.
Os cursos que entram no ar terão entrada contínua. Isso quer dizer que, a qualquer momento, um interessado em estudar física mecânica básica poderá se inscrever no curso (não haverá período fixo de inscrição). "Mas se ele ficar duas semanas sem aparecer, nós mandamos um email lembrando", afirma o empreendedor. Ao cumprir todas as aulas e atividades, os alunos deverão fazer uma prova presencial na USP para conseguir um certificado de conclusão. "O que vamos atestar é que aquele estudante tem um conhecimento compatível com o que se espera em física básica. Esperamos que universidades particulares possam usar essas aulas", afirma Bagnato.
Para o professor de física, oferecer a melhor formação possível para qualquer interessado é interesse de todos, uma vez que contribui para o desenvolvimento do país. “Se tivermos 15 mil inscritos e só 1 mil terminarem, teremos 1 mil pessoas a mais bem formadas. Todo mundo ganha com isso", afirma Bagnato. Em seu curso, o físico prevê também o lançamento de kits de "ciência na prática", que poderão ser comprados on-line para complementar a formação oferecida pelo Mooc. "Não temos como oferecer esse material de graça. Com ele, o aluno faz a prática e submete o relatório. Isso é diferente de tudo que já foi oferecido", garante.
Criada em 1934, a Universidade de São Paulo é tida como a melhor universidade do País por vários rankings internacionais, como pelo QS World University. Já o Veduca foi um portal surgido no ano passado com o intuito de legendar para o português videoaulas de grandes professores de universidades de renome com o objetivo de "democratizar a educação de alta qualidade no Brasil", como afirmam em seu site. Ao longo de 2012, a plataforma foi crescendo e hoje já conta com mais de 5 mil vídeos assistidos mais de 172 milhões de vezes. No início do ano, o portal chamou a atenção de um grupo internacional recebeu um aporte financeiro do grupo editorial inglês Macmillan.
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