Combustíveis alternativos são foco de projetos ao redor do mundo


Muito tem se falado sobre a sustentabilidade e sobre o grito de socorro do planeta. Então, iniciou-se uma busca incessante por fontes de energias alternativas que possam diminuir a utilização dos combustíveis já existentes e que tanto poluem. O objetivo é aumentar a lista das matérias-primas renováveis e, ao redor do mundo, cientistas e curiosos estudam opções para garantir um futuro politicamente correto. Materiais nunca antes pensados já estão sendo cogitados como uma boa alternativa para gerar energia limpa. Confira:
ALGAS
Onde há um projeto: Em Pernambuco
O projeto vai de vento em popa aqui mesmo no Brasil. Uma parceria entre o grupo brasileiro JB, produtor de etanol no Nordeste, e a empresa See Algae Technology (SAT), da Áustria, montou em Vitória de Santo Antão, a 53 quilômetros de Recife, uma fazenda vertical de algas geneticamente modificadas e que vão crescer com a ajuda do Sol e de emissões de CO2. O investimento inicial foi de R$ 19,8 milhões e este é o primeiro projeto do mundo com escala industrial para a fabricação desse combustível alternativo. A previsão é que o funcionamento comece ainda esse ano. No entanto, apesar dos investimentos, o biocombustível de algas ainda precisa ser aprovado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). Como as algas crescem rapidamente, cientistas dizem que esse biocombustível pode produzir cerca de 30 vezes mais que outra opção.
BIOPEIXE
Onde há um projeto: Em 2012 foi iniciado um projeto no Ceará. Mas o biopeixe não é novidade: é produzido em Honduras desde 2007 e no Vietnã desde 2008. Há estudos também nas Filipinas.
As toneladas de vísceras de peixes - especialmente da tilápia - descartadas todos os anos podem virar uma boa fonte de combustível limpo. Uma parceria da Petrobras Biocombustível e do Ministério da Pesca intensificou as pesquisas para a extração do óleo de peixe a partir do subproduto que vai para o lixo. A Fundação Núcleo de Tecnologia Industrial do Ceará (Nutec) - em parceria com a empresa Ekipar e o governo do Estado já tem uma máquina capaz de processar o resíduo do pescado e extrair o óleo. A meta do Ministério da Pesca é produzir dois milhões de toneladas de pescado por ano até o final de 2014. Com essa quantidade, dá para fazer 210 milhões de litros de biodiesel à base de óleo de peixe. Pesquisa realizada em 2010 mostra que o óleo obtido desta matéria-prima tem as características exigidas pela ANP.
CALOR
Onde há um projeto: Na Suécia
As mais de 250 mil pessoas que utilizam a estação central de Estocolmo, na Suécia, a cada dia geram calor. Tanto que a temperatura do ambiente fica entre 22ºC e 25 ºC. A estação, então, aproveitou a produção e instalou receptores e permutadores de calor no seu sistema de ventilação. As máquinas são capazes de converter o calor corporal em água. Esta é, então, bombeada para o sistema de aquecimento que ambienta a temperatura geral. Os responsáveis pelo edifício garantem que o sistema permite uma economia comprovada de 25% o que, num país frio e caro como a Suécia, se torna ideal.
Já nos Estados Unidos, o onE Puck capta a energia necessária para carregar qualquer celular através do calor gerado por uma xícara de café ou chá.
ONDAS DO MAR
Onde há um projeto: A Escócia está atualmente tentando se tornar o centro mundial de energia das ondas e energia marítima. No Reino Unido há fortes estudos sobre a tecnologia. Aqui no Brasil há um laboratório no Ceará.
O porto de Pecém, a 60 quilômetros de Fortaleza, no Ceará, recebeu a primeira usina de ondas da América Latina. O projeto é financiado pela Tractebel Energia através do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Agência Nacional de Energia Elétrica, com o apoio do governo do Ceará e funciona da seguinte forma: dois enormes braços mecânicos instalados no píer possuem na ponta de cada um deles, em contato com a água do mar, uma boia circular. Conforme as ondas batem, a estrutura sobe e desce. O movimento aciona bombas hidráulicas, que fazem com que a água doce contida em um circuito fechado, no qual não há troca de líquido com o ambiente, circule em um ambiente de alta pressão. Além do alto custo, existem limitações para instalação das "usinas" em áreas de preservação ambiental. De acordo com especialistas, os oito mil quilômetros de extensão do litoral brasileiro produziriam cerca de 17% da capacidade total da energia elétrica usada no país.
URINA
Onde há um projeto: na Nigéria e nos Países Baixos
A ideia de quatro meninas de 14 e 15 anos surpreendeu na Nigéria. O grupo criou um gerador de energia que funciona a base de urina. Isso mesmo! A autonomia do aparelho é de seis horas com um litro de urina. A matéria-prima é colocada em uma célula eletrolítica, que quebra a ureia em nitrogênio, água e hidrogênio. O hidrogênio vai para um filtro de purificação de água, depois para um cilindro de gás que empurra esse hidrogênio para outro cilindro contendo bórax líquido, usado para remover a umidade do hidrogênio. O hidrogênio purificado é colocado no gerador.
Na Universidade Radbound , nos Países Baixos também há um estudo sobre a urina como fonte de energia. Com o auxílio de um microorganismo que converte o xixi em hidrazina através da oxidação da amônia, é retirado o produto final que já alimentou foguetes espaciais como o Ônibus Espacial Endeavour.

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