Pacote prevê R$ 30 bilhões para pesquisa e projetos de inovação

Recursos serão liberados via Finep para projetos com universidades


Brasília - A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), vinculada ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, poderá financiar pesquisa e projetos de inovação promovidos por sociedades nacionais no exterior.
A medida é o primeiro passo para o fortalecimento da instituição, que deve ser concluído nesta quinta-feira (14), quando a presidente da República, Dilma Rousseff, anunciará um pacote de ações para estimular os investimentos em inovação no Brasil.
O pacote deve conter uma linha especial de crédito subsidiado da ordem de R$ 30 bilhões e a criação da chamada ‘Embrapa da Indústria’, a Embrapii, uma organização social que deverá funcionar como intermediadora da relação entre as universidades e o setor produtivo. A Embrapii terá capital inicial de R$ 300 milhões até o final de 2014.
A nova linha de crédito será operada pela Finep e pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A permissão para a Finep realizar esses financiamentos está em decreto publicado na edição do Diário Oficial da União (DOU), que altera o estatuto da empresa. As mudanças ainda preveem que a Finep poderá “conceder a pessoas jurídicas brasileiras, de direito público ou privado, e a pessoas físicas, premiação em dinheiro por concurso que vise ao reconhecimento e ao estímulo das atividades de inovação e realizar outras operações financeiras”.
Parcerias
A multinacional Intel, fabricante de semicondutores, anunciou que vai investir R$ 300 milhões até o fim do ano que vem para desenvolver soluções tecnológicas em transporte, educação e energia em parceria com empresas e universidades brasileiras.
“O Brasil está se consagrando como um polo de inovação e pesquisa na América Latina”, disse Fernando Martins, presidente da Intel no País.
Segundo ele, a companhia fará uma triagem das empresas dos setores selecionados e produzir soluções tecnológicas junto a universidades para serem incorporadas aos modelos de negócios. A política de atração de centros de tecnologia de multinacionais ao Brasil é um dos braços do programa ‘TI Maior’, lançado em 2012.
Ainda que não vá construir um centro propriamente dito, a Intel planeja desenvolver produtos e soluções da mesma forma que Microsoft e EMC, que anunciaram a construção de centros de pesquisa e tecnologia no País.
“Nós vamos criar um programa de apoio para que professores das universidades brasileiras tenham estágio de pesquisa com a Intel”, afirmou o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Marco Antonio Raupp, envolvido nos detalhes finais do pacote de R$ 30 bilhões para estimular a inovação no Brasil.
“Esse anúncio da Intel em setores estrategicamente críticos no Brasil, como educação e energia, faz exatamente o que desejamos, isto é, aproxima empresas que precisam inovar de universidades que precisam transformar suas pesquisas em inovação”, disse Virgílio Almeida, secretário de política de informática do ministério e responsável pelo ‘TI Maior’.
Para Martins, o aporte em P&D no Brasil não está apenas ligado ao crescimento econômico. A teoria mais indicada é que a fabricante entendeu que seria interessante ter o País dentro da rede global de pesquisa pelo incremento da qualidade da pesquisa que é feita dentro das universidades.
Reforma no ensino médio deve considerar meios digitais
Uma reforma no ensino médio deve levar em consideração os meios digitais, defende a presidenta da Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep), Amábile Pacios. Em audiência pública, na Comissão Especial de Reformulação do Ensino Médio, Amábile disse que a etapa do ensino médio precisa de “uma mudança muito radical para o qual o País, nem na escola pública e nem na particular, está preparado”.
A mudança envolve uma aprendizagem aberta, com integração de conteúdos, intermediada pela tecnologia.

A comissão especial foi criada em maio do ano passado com o objetivo de apresentar uma proposta de alteração da legislação atual até o final deste ano.

Além das audiências, a comissão deve agendar seminários em nível estadual e nacional. Também foi discutido o ensino privado. O segmento representa 15% das matrículas em ensino médio no País, segundo dados da Fenep.
De acordo com Amábile, a preocupação não deve ser apenas a integração das disciplinas - discutida em 1996 para a elaboração dos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM), já disponíveis para a adoção pelas escolas -, mas uma maior integração com os conteúdos digitais. As tecnologias mudam a função dos professores. O aluno está com o conhecimento nas mãos, sem barreiras. E na internet, as disciplinas são integradas.

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