Membro da ABMS fala sobre escorregamentos e prevenção


No dia 22 de fevereiro, escorregamentos atingiram a pista norte da Rodovia dos Imigrantes, que liga São Paulo ao litoral paulista. O acidente, ocorrido no km 52 da rodovia, teve uma vítima fatal e 24 veículos foram atingidos pela terra que alcançou a pista. Para o ex-presidente do Núcleo Regional São Paulo da ABMS, Marcos Massao Futai, as melhores medidas para se prevenir acidentes como esses são o monitoramento das chuvas, o mapeamento da região e a manutenção contínua.

Professor de geotecnia do Departamento de Engenharia de Estruturas e Geotécnica da USP, Futai comentou que o local da rodovia é suscetível a esse tipo de acidente: “Na região da Serra do Mar, a topografia é favorável e o solo propício para que haja escorregamento, com um solo residual embaixo”. O alto índice de chuvas no mesmo dia – cerca de 180 mm, segundo a Ecovias – é considerado o principal agravante.  “Chuvas prolongadas neste final de fevereiro, com picos de intensidade elevados causaram os debris flows, ou corridas de detritos”, explicou o professor.

Prevenção

O especialista em geotecnia explicou que a concepção da Rodovia dos Imigrantes é moderna, construída de modo a garantir segurança e pouca intervenção. Entretanto, possui pontos mais instáveis e, para encontrá-los, é necessário fazer um mapeamento: “O mapeamento é feito com algumas metodologias, por vias aéreas, caminhamento, análise de mapas topográficos, de solo, vegetação. Isso é muito utilizado na cidade de São Paulo.”

Futai comentou que um local projetado para drenar apenas água, recebeu muito material, que serviu como um canalizador. “Pelo que pude observar, o escorregamento dos detritos entrou pelo emboque do túnel por uma descarga d’água.”

O geotécnico falou ainda sobre a dificuldade de se prever esse tipo de fenômeno. Para ele, iniciativas como a interdição preventiva só poderiam ser tomadas com base em um sistema de monitoramento de chuvas mais confiável. “Talvez o sistema existente seja insuficiente, porque essas chuvas são localizadas. Não dá para falar ‘choveu em Cubatão’ ou ‘choveu na serra’. Ao longo da Imigrantes haverá pontos de concentração maiores ou menores de chuvas. O ideal seria localizar onde estão essas chuvas e focar no ponto onde precisa ser feita a intervenção.”

Para Marcos Futai, é importante manter uma manutenção preventiva nessas rodovias. Deste modo, o foco não seria tentar evitar os escorregamentos, mas os danos e a invasão das correntes de detritos nas vias. O ex-presidente do NRSP da ABMS esclareceu que fenômenos como esse são consequências de um processo natural “Esses escorregamentos fazem parte da própria evolução da encosta. Os materiais vão sendo desprendidos dela e depositados na Baixada. Isso faz com que o paredão da Serra do Mar avance em direção a São Paulo. Esse caminhamento é lento, mas vai acontecendo”.

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