SÃO PAULO - As vagas de emprego para profissionais de tecnologia da informação e comunicação (área conhecida pela sigla TIC) estarão sobrando, em centenas de milhares, daqui a dois anos. Especialmente no campo de redes e conectividade, o número de cadeiras vazias triplicará, segundo estudo da consultoria IDC encomendado pela Cisco. As 39,9 mil posições não preenchidas em 2011 subirão para 117,2 mil em 2015. Isso significa que a demanda por trabalhadores excederá em 32% a oferta.
O resultado da pesquisa reforça um cenário preocupante no País, a um ano da Copa do Mundo e a três da Olimpíada: a falta de mão de obra qualificada no mercado das TICs. O Brasil é o segundo país da América Latina que mais enfrenta dificuldade para contratar profissionais nesse setor, apenas atrás do México, diz Giuseppe Marrara, diretor de relações governamentais da Cisco do Brasil. "Formar gente o suficiente (nas universidades e escolas técnicas) é muito difícil."
Segundo o executivo, apenas para a área de redes, o País tem cerca de 22 mil novos formandos a cada ano, enquanto a demanda é por 40 mil. Essa disparidade acaba provocando as distorções típicas do segmento da tecnologia, em que profissionais em início de carreira recebem salários equivalentes, na teoria, a posições seniores. Há casos em que um gestor de segurança chega a receber mais de R$ 20 mil.
Segurança da informação é uma das áreas mais importantes e difíceis de serem preenchidas. Segundo a empresa PromonLogicalis, integradora de soluções de TICs, a situação piora ainda mais quando se busca profissionais fora do eixo Rio-São Paulo. Uma das saídas que a companhia encontrou para driblar essa carência de trabalhadores capacitados foi investir na educação de profissionais de nível júnior, pagando parte de cursos em universidades. É uma forma de prepará-los para assumir posições mais desafiadoras.
Lucas Pinz, funcionário da PromonLogicalis, entrou na empresa aos 18 anos de idade, com pouco conhecimento do mercado. Hoje, aos 31, é gerente de tecnologia e tem a responsabilidade de desenvolver soluções complexas. "Vejo que os estudantes saem das universidades com pouco conhecimento prático do setor", diz. As razões, para Pinz, estão na grade curricular defasada nas universidades e na falta de diálogo entre as empresas e as universidades.
Educação. A reversão da falta de mão de obra poderá ocorrer, para muitos analistas do mercado, quando houver incentivos para que crianças sejam apresentadas ao mundo da tecnologia ainda nas escolas - e, assim, desenvolvam interesse por alguma das áreas do conhecimento que, por exemplo, podem ser úteis para o campo de rede e conectividade (engenharia elétrica, engenharia de telecomunicações, ciência da computação, entre outras).
O governo brasileiro tem um programa para levar computadores para escolas, incluindo tablets. Mas a familiaridade com esse tipo de equipamento não estimula necessariamente o aprendizado que poderia, no futuro, contribuir para amenizar a escassez de mão de obra em TI. O Brasil ficou em 57.º lugar em matemática entre 65 economias do mundo, de acordo com o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) feito em 2009. Matemática é um conhecimento necessário para o aprendizado da programação de softwares.
Fonte e demais informações: http://economia.estadao.com.br/noticias/sua-carreira-geral,deficit-de-profissionais-de-tecnologia-se-aprofunda-no-pais,147121,0.htm
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