Amazon brasileira
Criada nos Estados Unidos em 1995 por Jeff Bezos, executivo que permanece à frente da companhia até hoje, a Amazon se tornou referência em comércio eletrônico em várias partes do mundo, apesar de ter operações apenas em alguns poucos países: Alemanha, Canadá, China, Espanha, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido.
Jeff Bezos optou por iniciar seu negócio vendendo livros: assim como hoje, havia grande interesse de consumidores pela aquisição de obras dos mais variados tipos e, na internet, seria possível oferecer um acervo monstruoso, muito maior que o de qualquer livraria gigante dos Estados Unidos, a preços convidativos na maioria dos casos.
Foi aí que a Amazon nasceu: sem contar com nenhuma loja física, a empresa vendeu seu primeiro livro em julho de 1995, com todo o processo sendo realizado de maneira on-line. Mesmo acompanhado de alguns tropeços, o negócio deu tão certo que a Amazon começou a se expandir, aumentando cada vez mais a sua variedade de produtos até se tornar sinônimo de comércio eletrônico.
Esta grandiosidade toda, por si só, é motivo suficiente para que muita gente deseje a entrada da Amazon no Brasil. Mas, no que se refere ao nosso mercado, há ainda outra forte motivação: a expectativa de que a empresa consiga amadurecer de uma vez por todas o comércio eletrônico do país.
Em termos gerais, o mercado de vendas pela internet brasileiro beira a mediocridade, especialmente no que se refere aos grandes nomes do setor. Seguindo o que parece ser uma espécie de cultura comercial que contempla todo o país, estas empresas atuam tratando os clientes como um mal necessário e não como a parte mais importante da relação. As consequências todo mundo conhece: atraso nas entregas, pós-venda precário e assim por diante. Sendo este um comportamento generalizado, nada mais natural do que acreditar que a chegada de um grande player como a Amazon consiga ao menos amenizar este cenário.
Está muito cedo para sabermos se essa expectativa toda será atendida, mas mesmo sendo modesta, a estreia da Amazon no Brasil chama a atenção, não só por já oferecer um acervo inicial aceitável de e-books – 13 mil títulos em português, sem contar as obras nos demais idiomas -, destacando inclusive escritores brasileiros, como Paulo Coelho e Martha Medeiros, mas principalmente pela promessa de disponibilizar o leitor de livros digitais Kindle em breve. Por sua vez, os aplicativos Kindle para iOS, Android, Mac e Windows já podem ser baixados gratuitamente.
Amazon Kindle a ser vendido no Brasil
A princípio, apenas o modelo mais básico do Kindle, com tela de 6 polegadas, será disponibilizado em terras tupiniquins. O preço? 299 reais. Caro, especialmente se levarmos em conta que esta versão é comercializada por 69 dólares nos Estados Unidos, só que mais barato que os modelos que são vendidos por aqui via importação e mais em conta que o Kobo que a Livraria Cultura começou a oferecer recentemente por 399 reais.
Ainda no que diz respeito ao bolso, os preços dos livros é que talvez sejam o ponto fraco da Amazonbrazuca, pois não estão muito diferentes do que encontramos em outras livrarias por aí. É esperar que uma negociação com editoras e distribuidoras brasileiras possam melhorar este aspecto, mas tenho a impressão de que não devemos contar muito com isso…
Não se sabe o quão longe a Amazon pretende ir no Brasil. Não é novidade para ninguém que o nosso sistema tributário e a complexidade logística do país, por exemplo, são importantes obstáculos, mas o primeiro passo está dado. Além disso, se levarmos em consideração o histórico empreendedor de Jeff Bezos, talvez não seja arriscado apostar que muita coisa interessante está por vir. É esperar para ver.
Emerson Alecrim
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