Copel planeja investir R$258 milhões em projetos de P&D para geração de energia a partir do biogás

A companhia paraense cadastrou oito propostas junto à Aneel, que somam 20,9MW de potência instalada


A paranaense Copel está otimista no que diz respeito à produção de energia a partir do biogás no Brasil. E não é apenas pelo apelo socioambiental que esse tipo de fonte agregaria, mas também pelo seu potencial de geração de eletricidade. "Se consideramos a palha da cana-de-açúcar e a linhaça de tudo que é produzido pela indústria sucroalcooleira no Brasil temos aí um potencial de geração de energia de 8.000 MW. E eu nem estou falando do bagaço da cana", exemplifica Noel Massinhan Levy, da Coordenação de Energias Renováveis da Copel.
Buscando ganhar experiência no desenvolvimento dessa fonte, a Copel cadastrou oito projetos na chamada de pesquisa e desenvolvimento (P&D Estratégico nº 014/2012) da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). As propostas somam 20,9MW de capacidade e exigirão investimentos da ordem de R$258,2 milhões.
Segundo Levy, a concessionária paranaense vem desenvolvendo estudos na área de biogás há dois anos. "A Copel não os apresentou apenas para fazer número, são projetos muito bons, que têm potencial para serem aprovados pela Aneel."
Embora muitas das propostas busquem atender demandas específicas de geração de energia, Levy garante que "há possibilidade de produção em larga escala". "Tudo vai depender do entendimento da Aneel quanto à razoabilidade dos custos das propostas. Estamos torcendo para que os oito sejam aprovados", espera.
O processo de produção de energia a biogás começa pela biodigestão da matéria orgânica. Utilizasse bactérias para digerir esse material orgânico e o resultado desse processo é a produção de gases, como o metano. O resido que saí desse procedimento ainda pode ser transformado em adubo.
Ley lembra que toda a tecnologia utilizada na produção de energia a biogás é de domínio nacional. "Mesmo esses gaseificadores para transformar a matéria orgânica", complementa.
Segundo ele, o maior desafio é poder atender a demanda de pequenos municípios. “Portanto, não adianta nada se esses equipamentos custarem milhões de reais. Esse é o desafio. Desenvolver um projeto de geração economicamente viável", observa.
Ley explica que o papel da Copel será o de gerenciar os executores dos projetos. Cada proposta tem um parceiro e a concessionária ficará responsável por fazer a gestão dos recursos, acompanhar o andamento das pesquisas e das obras. "Depois de encerrado o prazo de desenvolvimento das propostas, a Aneel faz uma avaliação. Se for verificado que os resultados foram adequados, daí a Aneel aprova o uso como verba de P&D."
A obrigatoriedade na aplicação dos recursos em P&D está prevista em lei e nos contratos de concessão, cabendo à agência reguladora regulamentar o investimento no programa, acompanhar a execução dos projetos e avaliar seus resultados. A legislação estabelece que as empresas concessionárias, permissionárias ou autorizadas de distribuição, transmissão e geração de energia elétrica devem aplicar anualmente um percentual mínimo de sua receita operacional líquida no Programa de P&D do setor de energia elétrica.
A previsão da Copel é a de que até janeiro do ano que vem a Aneel tenha uma posição sobre os projetos de P&D. "A avaliação inicial sendo boa, há a probabilidade de a Copel executar todos", afirma Levy.

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