Expansão de galpões logísticos existentes é tendência em obras industriais


Atualmente existe, no Brasil, uma tendência de obras de expansão e atualização tecnológica de galpões logísticos existentes. Essa realidade impõe significativos desafios de planejamento para as construtoras, já que o processo de construção ocorre ao mesmo tempo em que as atividades cotidianas das empresas. O assunto foi abordado pelo engenheiro Marcelo Pulcinelli, superintendente de projetos da Matec Engenharia, durante sua palestra apresentada no seminário Construtech 2012, em São Paulo.

"Nós entramos na empresa para entender o seu processo de trabalho", afirma Pulcinelli. Nesta fase de concepção da obra, segundo o engenheiro, é fundamental o apoio técnico prestado pelo próprio cliente. "Geralmente as empresas têm seus próprios departamentos de engenharia, que prestam assistência técnica à produção. Eles conhecem os problemas do dia a dia e nos apresentam suas necessidades de forma bastante objetiva", explica Pulcinelli.
As soluções de projeto são, então, desenvolvidas com base nessas informações e as obras acontecem sem que as atividades do cliente sejam interrompidas. Entre os cases recentes executados pela Matec, o engenheiro cita a expansão da DGB, holding de logística e distribuição do Grupo Abril em Osasco (SP).

Segundo Pulcinelli, os prazos de execução são o aspecto mais desafiador desse tipo de obra. Para atendê-los com qualidade, é preciso apostar em tecnologia - a começar pelo âmbito do planejamento e projeto, com o uso dos softwares que trabalham sob a plataforma BIM (Building Information Modeling). "É de grande importância, também, a proximidade entre as equipes de projeto e de suprimentos", destaca o engenheiro, lembrando que decisões sobre sistemas construtivos - moldado in loco, pré-moldado, metálico - dependem da disponibilidade desses produtos no mercado na época da execução da obra.

Na especificação dos materiais e sistemas construtivos da envoltória, a preferência é pelos sistemas industrializados, de execução rápida. "Alguns clientes nos pedem fechamentos em alvenaria, por exemplo, mas nós privilegiamos as telhas zipadas - protegidas internamente com batedores contra o impacto mecânico das empilhadeiras - ou pré-moldados", explica. Ele explica, por exemplo, que os próprios clientes têm preferido as telhas zipadas com isolação térmica e acústica no lugar das tradicionais telhas trapezoidais.

"Temos utilizado bastante, nas instalações elétricas, sistemas de distribuição por barramentos blindados principais e secundários, que também têm menor perda de energia", explica. Nas vedações internas, a construtora também tem introduzido sistemas rápidos pouco usuais em obras industriais, como o drywall. "É possível fazer paredes altas e com boa resistência mecânica", assegura. Nas fundações, ele explica que a construtora pede aos projetistas para evitarem vigas baldrame, que produzem grande volume de entulho. A preferência é pelos pavimentos de concreto enrijecidos, capazes de suportar paredes mais leves. "São capazes de suportar alvenarias de até 4 m", afirma.

O engenheiro afirmou ainda que começa a se concretizar a realidade de obras completamente projetadas em BIM. "Normalmente, o que vínhamos fazendo era receber os projetos em 2D e modelar em 3D", explica. Ele explica que a obra de uma fábrica de semicondutores em Belo Horizonte é a primeira da construtora em que todos os projetos foram desenvolvidas na mesma plataforma. "Acreditamos que estamos chegando em um universo em que todos trabalham em um mesmo modelo 3D", explica.

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