"Brasil tem 10 milhões de trabalhadores terceirizados"


Sociólogo Ricardo Antunes fala sobre uma nova morfologia nas relações de trabalho

O Roda Viva recebeu, no dia 3 de setembro, Ricardo Antunes, um dos mais destacados sociólogos marxistas da atualidade, cujos estudos se direcionam para o tema trabalho e suas novas formas de relação dentro do mundo capitalista contemporâneo.

Com as mudanças relativamente recentes no sistema de trabalho, que vão desde a terceirização de serviços, o aumento na procura pelos concursos públicos, a contratação de PJs, o trabalho por tarefa até o uso de celulares e e-mails no trabalho, Ricardo analisou as transformações ocorridas nesse universo e as consequentes implicações nos planos social e político.

Ricardo Antunes diz que enxerga uma precarização trabalhista mundial e alerta para uma possível queda no trabalho formal no Brasil. Segundo o estudioso, a precarização leva à terceirização – que já soma 10 milhões de trabalhadores no país.

“Terceirização não é sinônimo de informalidade, mas se torna informal muito fácil. Há terceirização dentro da empresa e fora da empresa”. Um dos problemas decorrentes do trabalho terceirizado é o cumprimento dos direitos trabalhistas. “Há casos em que o trabalhador procura os seus direitos e a empresa já nem existe mais”.

As pesquisas revelaram nos últimos anos um crescimento no emprego, no entanto Ricardo Antunes diz a realização desse tipo de coleta de dados é imprecisa. “Os dados são mascarados, mas ainda assim houve crescimento de trabalho”, reconhece.

Professor do Departamento de Sociologia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp, Ricardo Antunes também é autor de livros sobre o assunto, entre eles O caracol e sua concha – ensaios sobre a nova morfologia do trabalho, Adeus ao trabalho? e Os sentidos do trabalho.

Apresentado pelo jornalista Mario Sergio Conti, o Roda Viva contou, nesta edição, com os seguintes entrevistadores convidados: Liliana Segnini  (professora titular em Sociologia do Trabalho da Universidade Estadual de Campinas); Leny Sato (professora titular do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo);  Eleonora de Lucena (repórter especial do jornal Folha de S. Paulo); Mônica Manir (editora do Caderno Aliás do jornal O Estado de S. Paulo); Alexandre Teixeira (jornalista e escritor). O Roda Viva também contou com a participação do cartunista Paulo Caruso.


Fonte e demais informaçãoes: Luís Guedes de Oliveira

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