Coloque um número de pessoas competentes, de culturas diferentes, com conhecimentos complementares, para trabalhar no mesmo projeto. Incentive criatividade e experimentação. Invista em novas tecnologias e em melhorias de processos e produtos existentes; compartilhe os propósitos e a visão da empresa. Dê recursos e autonomia. Veja nascer projetos de sucesso. E repita tudo de novo, continuamente, gerando um círculo virtuoso. Está criada a receita para o estímulo à inovação contínua em sua companhia, que vai permitir com que ela esteja sempre à frente, e que seja ágil para acompanhar as mudanças do mercado.
Muitas empresas lidam com inovação como uma área de P&D isolada. Mas classifico isso como uma espécie de miopia empresarial. A inovação é muito mais do que isso e vai além do desenvolvimento de produtos. O mercado demonstra que a busca de inovação por parte das corporações tem sido uma constante e que o ambiente interno da empresa inovadora é o responsável por motivar o espírito empreendedor e inovador das pessoas. Mas, afinal, que ambiente é esse? Como se cria? Mesmo as empresas mais conservadoras podem mudar sua cultura e trabalhar para estimular a cultura de inovação?
Em primeiro lugar, há que se ressaltar que as pessoas são o “fermento para essa receita” dar certo. São elas que constituem as fontes de novas ideias e, unidas, vão gerar o que chamo de “Times de Alta Performance”.
Se o ambiente de negócios está mudando, também precisamos transformar, radicalmente, o ambiente corporativo. Especialmente quando se fala da indústria de outsourcing, é preciso deixar de lado o conceito de fábrica de software, onde a produção acontece como numa linha de montagem. Nada mais ilusório e caro! Não só o design de software, mas a TI como um todo, é uma atividade baseada na qualidade da interação humana, na capacidade das pessoas de entender problemas de negócio e resolvê-los de forma inédita, criativa e colaborativa, por meio das tecnologias disponíveis.
No livro “A Bíblia da Inovação” (Fernando Trías de Bes e Philip Kotler – Ed. Lua de Papel, 2011), os autores apresentam uma lista de funções básicas que revelam as melhores práticas de inovação, que denominam “Modelo A-F”. A proposta, segundo eles, é que se uma empresa quiser inovar, deverá definir essas funções e atribuí-las a indivíduos específicos (note que, de novo, as pessoas são o elo fundamental). E, então, tendo estabelecido os objetivos, recursos e prazos finais, deixá-los interagir livremente para criar os próprios processos. Vou, aqui, rapidamente listar que “personagens” imprescindíveis são esses elencados no livro:
(A) Ativadores: pessoas responsáveis por iniciar o processo de inovação, sem se preocupar com estágios ou fases;
(B) Buscadores: são os especialistas em busca de informações. Não têm a missão de produzir nada novo, mas de fornecer informações para o grupo;
(C) Criadores: responsáveis por produzir ideias para o restante do grupo (conceber novos conceitos e possibilidades, e procurar novas soluções em qualquer ponto do processo);
(D) Desenvolvedores: aqueles que vão transformar as ideias em produtos e serviços;
(E) Executores: pessoas que devem cuidar de todos os trâmites para a implementação e execução;
(F) Facilitadores: são os que aprovam os novos itens de despesas e o investimento necessário à medida que o processo de inovação acontece.
Agora que já temos o fermento, vamos buscar o “forno” ideal para que tudo isso aconteça: o ambiente. A inovação contínua acontece quando a empresa tem em seu DNA uma cultura criativa.
Onde a gestão estimula a criatividade, as ideias nascem por toda parte, em toda a organização e em todos os níveis de responsabilidade.
Além disso, compartilhe propósitos; comunique-se, de forma clara e transparente (é provado que a comunicação interna é um instrumento básico para transformar a cultura corporativa); estimule a colaboração entre departamentos; e esteja muito próximo do seu cliente, entregando o que gere valor para ele (olhe para dentro, mas não se esqueça de olhar para fora!).
Para finalizar, não podia deixar de citar uma frase do livro, que acredito ser fundamental para àqueles que desejam fazer uma verdadeira revolução em suas companhias, a fim de construir um ambiente inovador: “A criatividade e a inovação são caminhos de mudanças, com resultados desconhecidos."
Provavelmente, a inovação é o único objetivo empresarial que não podemos especificar exatamente aonde levará. Mas podemos afirmar que, em vez de um objetivo, ela estabelece uma direção”.
(*) Mauro Oliveira é diretor de Inovação, Marketing e Negócios da Ci&T, uma multinacional brasileira de TI, referência em inovação e outsourcing.
Fonte e demais informações: http://cio.uol.com.br/opiniao/2012/01/31/inovacao-continua-o-segredo-esta-nas-pessoas/
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