Inovar é empreender, afirma cientista

Brasília, 31 de outubro a 2 de novembro de 2011 - Nº 1088 - Ano 11

Transformar conhecimento em negócio. Para o cientista-chefe do centro privado de inovação C.E.S.A.R, no Recife (PE), o engenheiro Silvio Meira, este é um dos principais desafios da inovação e do empreendedorismo brasileiro. O assunto foi destaque na apresentação do especialista realizada durante o 21° Seminário Nacional de Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas, no dia 27 de outubro, em Porto Alegre (RS).

     De acordo com Meira, o Brasil é o sétimo mercado mundial de tecnologia de informação do mundo, mas não faz parte de nenhum dos grandes negócios do setor, como Skype, Google, Facebook, Twitter e plataforma móvel, por exemplo. “Nós adotamos rapidamente todas essas tecnologias. Muitas poderíamos ter feito ou participado, mas dentro do contexto atual, isso dificilmente vai acontecer”, afirmou.

     Segundo o engenheiro, os brasileiros são os maiores usuários junto com a Malásia do Twitter por população conectada à internet.  O Brasil também tem a maior porcentagem de horas no Facebook do que toda a internet mundial. A média de tempo de uso desta rede social versus a internet no mundo é de 16%. No Brasil é de 18,3%. “Boa parte do investimento por trás do Facebook é russo”, disse.

     O Brasil possui 110% de penetração de telefones celulares. Somente o mercado de smartphones cresceu 100% de 2010 até agora. A previsão, informou Meira, é de que em 2014 o país terá 107 milhões de smartphones, sendo que nenhum deles é produto nacional. “Este número impactará no extermínio de mais da metade das 120 mil lan houses existentes no país”, analisou.

     Hoje é possível adquirir um smartphone por R$ 300 reais, com uma conta diária de R$ 0,50 de banda móvel. Quando se faz os cálculos, esse valor multiplicado por 30, no caso do usuário acessar a internet diariamente, é de dez parcelas de R$ 45 reais por mês. Mesmo valor que um usuário paga em uma lan house, caso fale uma hora por dia durante um mês pagando R$ 1,50 por ela. “Com o mesmo gasto, o usuário substitui a conectividade estática pela conectividade móvel e pessoal”.

     Na opinião do engenheiro, tudo isso acontece porque ainda não se estabeleceu no Brasil um ambiente de confiança e de curiosidade para implantar um processo colaborativo para a criação de uma cadeia de valor, seguindo princípios de comum acordo, de forma que se estabeleça uma rede de relacionamento.  “Ainda se vê muita gente começando do zero, que em vez de buscar alternativas no mercado, perde tempo em processos que já existem”. 

     Meira citou que de acordo com a pesquisa “Doing Business 2012: Fazendo negócios em um mundo mais transparente”, o Brasil caiu seis posições entre as melhores economias para fazer negócio no mundo - de 120° lugar passou para 126°. O Iraque, por exemplo, caiu cinco posições. “Nossos vizinhos do Mercosul estão muito melhores: a Argentina está em 113°, o Paraguai em 100° e o Uruguai em 90°. Este subiu 12 posições em relação ao ano passado”.

     Nesse cenário, Meira aponta que inovação e empreendedorismo andam juntos. Para ele, se há mudança no mercado é porque alguém empreendeu. Dessa forma, o empreendedor tem o poder de desequilibrar o mercado ao introduzir algo novo, ou equilibrá-lo, ao desenvolver uma alternativa que atenda uma demanda que está em falta. 

     “Não é na prateleira do laboratório de uma universidade que se aprende a empreender, é no mercado. Se um aluno chega com algo novo, como uma diferenciada linguagem de programação e não souber quem vai usar e que pessoas serão movidas para que isso aconteça, não é inovação, é experimento”.

     No C.E.S.A.R., ressalta Meira, eles adotam o conceito de que “inovação é a emissão de mais e melhores notas fiscais”. De acordo com o engenheiro, o empreendedor quer mais notas fiscais porque quer mais mercados. Se já tem, ele quer expandir. “Empresas que não emitem notas fiscais não são dignas de receber investimento, nem podem participar do processo de fusões e aquisições. E, na maioria das vezes, a falta de emissão acontece por desorganização”. 

     (Cristiane Rosa para o Gestão C&T online) 

Fonte e demais informações:  http://www.gestaoct.org.br/

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