Programadores independentes lucram com aplicativos para celulares inteligentes

Se 2010 foi o ano dos aplicativos, quem mais se beneficiou desse cenário foram os desenvolvedores. E não estamos aqui falando de grandes empresas de softwares, mas do pequeno programador. Aquele que, até então, não tinha meios de ganhar dinheiro com sua ideia.

Com o grande crescimento desse mercado, neste ano, desenvolvedores independentes tiveram chances de colocar projetos em prática e transformá-los em negócios. Para Diego Remus, responsável pelo blog Startupi, que funciona como uma espécie de observatório das iniciativas nacionais na área de aplicativos para web, "2010 foi o ano em que fazer aplicativo virou moda".

– Algo como montar uma banda nos anos 90 ou ser DJ no início do milênio.

O momento é bom: nunca tivemos tantos usuários aptos a consumir aplicativos em redes sociais e celulares. O instituto de pesquisa Gartner informou, em meados do ano, que o Brasil vendeu cerca de 1,2 milhão de smartphones apenas para usuários finais no primeiro semestre, um aumento de 170% em relação ao mesmo período de 2009.

A RIM, fabricante do Blackberry, disse que a cada três meses a América Latina ganha 5 milhões de novos donos de celulares da marca. Dados da ComScore dão conta que o Facebook cresceu 480% no Brasil em 2010, e o Twitter, 23%. O Orkut continua sendo praticamente sinônimo de internet no país: a cada dez brasileiros conectados, oito têm perfil no Orkut. Todas essas redes têm API aberta para quem quiser produzir apps para eles.

Wagner Martins, sócio da agência de marketing Espalhe, que já propôs a criação de aplicativos em redes sociais para alguns clientes, diz que a demanda por apps corporativos cresceu.

– Percebemos claramente, com a grande maioria de clientes, que é preciso, sim, ter uma presença profissional nas redes sociais. E essa presença requer o desenvolvimento de um aplicativo.

Os usuários saem ganhando com a variedade e quantidade de programas que são criados. Mas, além deles, os desenvolvedores autônomos são os maiores beneficiados com a possibilidade de fazer novos negócios. É o caso do engenheiro elétrico Cassio Rossi, 41 anos, que pode, finalmente, realizar algo que queria ter feito há tempos: colocar seus aplicativos à disposição do consumidor, nas lojas de aplicativos, sem passar por intermediários.

Cassio desenvolve programas de computador desde 1992. E, em 2008, passou a criar aplicativos para a plataforma do iPhone, o iOS.

– Na loja de aplicativos da Apple, a maioria dos programas é feita por autônomos. O modelo de negócio veio a calhar com meu objetivo.

Em 2010, ele passou a viver disso. Ele é autor do iBovespa, app que exibe informações sobre as ações na bolsa de São Paulo. Custa R$ 3,50 (US$ 2) e, desde seu lançamento, há dois anos, já vendeu cerca de 7.600 cópias. Seus projetos continuam bem na App Store - o iBovespa tem uma média diária de dez novos downloads -, mas a quantidade de pedidos de empresas que querem ter sua marca nas lojas de aplicativo fez que ele tivesse de deixar de lado por um tempo seus projetos independentes.

– Esse foi o ano do smartphone, e as empresas querem estar nas lojas de aplicativos.

Ele já desenvolveu programas para uma cervejaria, um portal de internet e um festival de música.

– Quem estava nesse mercado no começo do ano certamente está muito melhor agora.

Fonte: R7 Tecnologia e Ciência

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