Sistema automatizado de gerenciamento de tráfego vai controlar o fluxo e o tempo de veículos nas principais avenidas da capital

Flávia Ayer -
Publicação: 04/11/2010 06:47 Atualização:

Avenida Antônio Carlos, um dos principais acessos à Região Norte 
da cidade, será uma das vias beneficiadas com a nova tecnologia  (RENATO
 WEIL/EM/D.A PRESS
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Avenida Antônio Carlos, um dos principais acessos à Região Norte da cidade, será uma das vias beneficiadas com a nova tecnologia

Uma eficiente onda verde é a esperança para resolver parte dos congestionamentos em grandes corredores de tráfego de Belo Horizonte. O número de veículos vai ditar, em tempo real, os minutos que o motorista ficará parado diante de um semáforo em duas das principais avenidas. A aposta para agilizar o trânsito na Cristiano Machado e na Antônio Carlos, que ligam o Centro às regiões Norte e Nordeste e recebem, cada uma, 80 mil carros diariamente, está num software de controle de tráfego que mudará automaticamente os tempos de verde, vermelho e amarelo nos sinais. Este mês, a BHTrans, que administra o trânsito da capital, assinou contrato de R$ 1,98 milhão com duas empresas, que, até meados de 2011, vão implantar o sistema de gerenciamento de tráfego nas duas vias.

A tecnologia integra o pacote de mobilidade para a Copa do Mundo de 2014 e também será instalada nas avenidas Pedro II, Carlos Luz, Pedro I e Amazonas. À exceção desta última, todos os corredores receberão também o transporte rápido por ônibus (BRT, na sigla em inglês) – com pistas exclusivas para os coletivos, estações de embarque e desembarque em nível. Os recursos do projeto de controle de tráfego são de R$ 30 milhões, garantidos pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC Mobilidade), do governo federal, e incluem a instalação de 62 câmeras e nove painéis de mensagens variáveis.

No entanto, além da proposta de diminuir os problemas do trânsito, o sistema traz à memória a tentativa da BHTrans de automatizar o controle do tráfego na área central que poucos resultados trouxe. Em 2002, a empresa iniciou a implantação do controle inteligente de tráfego (CIT) nos limites da Avenida do Contorno. Com o objetivo de adaptar os tempos dos semáforos ao fluxo de veículos, o aparato incluiu a implantação, em 300 interseções, de sensores no asfalto, para medir a velocidade e a densidade de carros, ônibus e motocicletas na via e repassar as informações para uma central. Em uma série de reportagens publicadas em 2007, o Estado de Minas mostrou a ineficiência da tecnologia, que prometia aumento de 14% na velocidade do trânsito, mas nem sequer funcionava em diversas vias.

De acordo com o gerente de planejamento e monitoração operacional da BHTrans, Carlos Cândido Coelho, o sistema a ser instalado nos principais corredores de trânsito da cidade é diferente do existente na área central. Segundo ele, é uma das tecnologias para controle de tráfego mais bem cotadas no mundo. Serão instalados lastros de contagem de veículos em cada uma das avenidas. Na Cristiano Machado, que tem 25 semáforos, o serviço ficará por conta da Tesc Sistema de Controles Ltda. A Digicon S/A venceu a licitação da Antônio Carlos, que, com a Pedro I, tem cerca de 25 sinais de trânsito.

Além de informar à central os dados sobre os corredores, o novo sistema se encarregará de mudar automaticamente o tempo de verde, vermelho e amarelo dos semáforos, sem interferência humana. “Ele vai buscar numa espécie de biblioteca a melhor estratégia. A ideia é evitar o congestionamento”, explica.

Diferentemente do futuro aparato, o software atual nas duas vias é bem mais engessado. O operador define, previamente, a sincronia dos semáforos para cada horário e o sistema apenas se encarrega de pôr em prática a programação. “Ele não permite tantas intervenções. Com a novidade, as soluções serão mais rápidas, pois o próprio sistema resolverá o problema em tempo real”, afirma Coelho, prometendo que o pedestre também se beneficiará. “A tendência é de aumentar os ciclos (abre e fecha dos sinais). Com isso, as pessoas poderão atravessar as vias mais vezes ao longo do dia.”

A BHTrans prefere não quantificar o tempo que o motorista deixará de ficar preso em engarrafamentos, sob o argumento de que fatores dinâmicos, como frota de veículos da cidade, que atingiu a marca de 1,3 milhão, também fazem parte dessa conta. É essa também a tese por meio da qual a empresa se esquiva de avaliar a eficiência do CIT, cuja instalação foi concluída no ano passado.

Embora concorde que a avaliação deste tipo de sistema é difícil, o mestre em engenharia de trânsito Paulo Rogério da Silva Monteiro, coordenador do programa de mobilidade da Agência de Desenvolvimento da Região Metropolitana de BH, vê com ressalvas o novo software. “Não é a primeira tentativa da BHTrans de automatizar o controle do tráfego. Qualquer sistema, para funcionar perfeitamente, tem que ser bem calibrado. Quando isso não ocorre, há um efeito dominó”, afirma, ressaltando a importância de uma boa sincronia dos semáforos nos corredores. “A eficiência do BRT vai depender muito disso. Em Curitiba, os próprios ônibus acionam sistema que acende o sinal verde.”

JAIR AMARAL/EM/D.A PRESS
"Ficamos muito tempo parados no trânsito. Quando um sinal abre, o outro mais à frente fecha. Eles tinham que ficar abertos em sequência", Leandro da Fonseca, motorista, 21 anos.

Fonte e demais informações: http://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2010/11/04/interna_gerais,190263/bhtrans-implanta-onda-verde-para-tentar-evitar-caos-no-transito.shtml

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