No caminho da energia sem poluição

Conheça os detalhes da bateria para propulsão desenvolvida para ser barata

POR PEDRO CUADRAT
Rio - A bateria ZEBRA foi criada pelo projeto Zeolite Battery Research Africa (ZEBRA) — também conhecido como Zero Emission Batteries Reserach Acticity — , liderado pelo Dr. Johan Coetzer, do Conselho de Pesquisas Científicas e Industriais (CSIR) em Pretoria, na África do Sul, em 1985, e aperfeiçoada na Suíça, onde atualmente é produzida. Para se ter uma ideia da crescente demanda por esta bateria, a empresa tem capacidade de produzir 3 mil unidades por ano e, somente para os Jogos Olímpicos de 2012, autoridades de Londres fizeram um pedido de 10 mil unidades.

Feita de sal, cerâmica e níquel, segundo o fabricante, esta bateria suporta de 1000 a 2000 ciclos de recarga total e não sofre do chamado efeito memória (o que tornaria necessário esperar a descarga total da bateria para que pudesse ser feita a recarga). A versão utilizada no táxi elétrico (pág.2) tem autonomia para até 120 quilômetros e demora de 6 a 8 horas para ser recarregada totalmente em uma tomada de 220 volts.

De acordo com o Prof. Dr. Patricio Rodolfo Impisinni, pesquisador sênior da LACTEC (O Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento), físico especializado em sistemas de armazenamento de energia e professor do departamento de engenharia elétrica da Universidade Federal do Paraná (UFPR), entre as principais vantagens desta bateria está o fato de não parar quando alguns de suas células pifam (continuam funcionando mesmo que até 10% de suas células estejam com defeito), ser 100% reciclável e utilizar materiais facilmente encontrados na maioria dos países. Já entre as desvantagens, ele cita a alta temperatura de funcionamento.

A bateria Z.E.B.R.A tem capacidade para armazenar 90 Wh/kg a 120 wh/kg. Uma bateria convencional guarda 30 Wh/kg, a de Níquel— cádmio 50 Wh/kg, a bateria de Níquel Metal Hidreto acumula 60 Wh/kg e a de íons de lítio até 100 Wh/kg. Em termos de autonomia e preço, se comparada à bateria de íons de lítio — que está sendo amplamente empregada em carros elétricos —, a ZEBRA tem autonomia 40% menor, mas, apesar de seu preço ainda ser alto, custa três a quatro vezes menos e não oferece tanto risco de incêndio.

A versão da bateria Z.E.B.R.A do Fiat Palio Weekend testado como táxi custa 8 mil euros — R$ 18.685. Estima-se que com o aumento da produção deste tipo de bateria, o preço vá cair para algo abaixo dos 2 mil euros — R$ 4.671.

A construção da nova bateria é simples

A bateria Z.E.B.R.A. é composta por diversas células unitárias ligadas em série e em paralelo. Durante a carga da bateria o sal (NaCl) e o Níquel (Ni) são transformados em Cloreto de Níquel (NiCl2) e Sódio (Na). Na descarga, a reação ocorre no sentido inverso. Cada célula da bateria tem 2,58 volts.

Para manter o sal eletrólito em estado líquido, as beterias precisam trabalhar a temperaturas que variam de 270°C a 350°C.

Com um sistema de isolamento térmico a vácuo, semelhante ao utilizado em garrafas térmicas, a temperatura externa da bateria Z.E.B.R.A. fica apenas entre 5 a 10°C mais alto do que a do ambiente.

De acordo com a fabricante da bateria Z.E.B.R.A., R$ 0,05 (cinco centavos) é o custo por quilômetro rodado do táxi elétrico que circula no Paraná, considerando que uma carga completa custa em média R$ 6,14.

O custo por quilômetro rodado de um automóvel equipado com um motor convencional movido a gasolina, de acordo com dados da Fiat, é, em média, de R$ 0,25 (vinte e cinco centavos).



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