Lixo eletrônico acumula-se em oficinas de reparo


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Dono de um destes locais, Clemente Marques teve que transformar uma garagem em depósito
FOTO: MIGUEL PORTELA

Por conta da rápida evolução dos produtos, consumidores preferem adquirir novos bens a consertar os antigos

A rápida inovação da tecnologia, somada às facilidades que o mercado oferece na hora da compra estão entre os principais fatores que contribuem para que consumidores optem por adquirir produtos novos, ao invés consertar os antigos. Essa explosão no consumo em que vive o mercado brasileiro, especialmente pela busca de televisores com tela de LCD, computadores compactos e celulares com múltiplas funções, tem gerado prejuízo aos consumidores e grandes danos ao meio ambiente, devido ao lixo eletrônico gerado em decorrência da rapidez com que os equipamentos tornam-se obsoletos.

Clemente Marques, dono de uma oficina de reparos de aparelhos eletroeletrônicos, no bairro Serrinha, conhece bem o problema. A quantidade de aparelhos abandonados ao longo de oito anos por seus clientes é tão grande, que a sua antiga garagem teve de se transformar em um depósito. Ele conta que modelos mais modernos, como impressoras multifuncionais e TVs de plasma e LCD, já começam a aparecer na oficina.

O grande problema é que a maioria dos aparelhos não tem conserto, pois algumas peças para reposição já não são encontradas no mercado. E as que são têm um custo muito alto, o que, quase sempre, leva o cliente a desistir do reparo. As telas de TV LCD e plasma e os retroprojetores estão entre os mais caros, com conserto variando de R$ 800 a R$ 1.000, conforme informou Clemente Marques.

Futuro

George Magalhães adianta que, logo em breve, vai estourar no comércio brasileiro a tecnologia 4D. "Nela, a cadeira se mexe, a pessoa sente o vento no rosto. É o futuro da TV", prevê o analista. Ele defende que as pessoas estão trocando de aparelhos mais rápido, não porque estão mais consumistas, mas para acompanhar a tecnologia [...].

OPINIÃO DO ESPECIALISTA
Inovação nem sempre quer dizer novidade

Anaxágoras Maia Girão
Professor do IFCE

O que temos hoje é uma falsa sensação de aumento da inovação tecnológica, causada pela chuva de produtos que nos são apresentados. As pessoas confundem inovação tecnológica com novidade.

Para ser inovação, é preciso que haja uma abordagem nova na solução de um problema, o que não significa necessariamente um produto novo. Muitas das grandes inovações surgem a partir da junção de tecnologias já existentes, porém sob uma nova perspectiva.

Se queremos novidades tecnológicas, temos que voltar o nosso olhar para áreas como a Medicina, Biologia, Aeronáutica, Agricultura. São áreas praticamente obrigadas a isso. Seja porque a operadora oferece o novo modelo quase de graça, visando a mensalidade, seja pela enxurrada de propagandas que recebemos diariamente, ou simplesmente por questão de status, para poder dizer ao mundo: "Eu tenho um iPhone".

Na realidade, a questão é puramente econômica, pois alguém tem que sustentar essa gigantesca economia que é a indústria eletrônica.

LUANA LIMA
REPÓRTER

Fontes e demais informações: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=837825

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