Michelin vai investigar desenvolvimentos de pneus orgânicos

A Michelin, a segunda maior fabricante de pneus do mundo, anunciou o lançamento de um programa para investigar formas “orgânicas” de desenvolver pneus, incluindo beterraba, palha ou até mesmo madeira.
Segundo o The Guardian, a empresa francesa não está apenas preocupada com questões ambientais. Na verdade, a Michelin acredita que haverá, em breve, uma escassez de materiais derivados do petróleo.
O projecto tem como nome de código Bio Butterfly e envolve a construção de uma fábrica piloto, um centro de pesquisa em parceria com a IFP Energies Nouvlles e a Axens.
A iniciativa será também subsidiada pela Agência de Ambiente e Energia de França, num total de €14,7 milhões (R$ 47 milhões). O projecto envolverá cerca de €52 milhões (R$ 165 milhões), a longo prazo.
Hoje em dia, a Michelin utiliza uma mistura de borracha natural e sintética para o fabrico de pneus. Mas o principal ingrediente sintético é o butadieno, um produto derivado de petróleo que irá, eventualmente, tornar-se cada vez mais escasso. “Esperamos uma escassez de butadieno em 2020”, explicou Vincent Ferreiro, que tem a responsabilidade global pelo desenvolvimento dos componentes e materiais da empresa.
Ironicamente, esta ameaça está directamente ligada ao aumento do gás de xisto, que está a reduzir os preços do gás e levar os químicos a negligenciar o petróleo e a focarem-se nesta nova fonte energética. Assim, há o risco de uma escassez global de butadieno, ainda que a procura continue a crescer 4% ao ano.
O Bio Butterfly começará a trabalhar com matéria orgânica ligada aos resíduos. A biomassa será fermentada para obter álcool, formando uma espécie de bio-butadieno. Segundo o The Guardian, o principal rival da Michelin, a Bridgestone, ligou-se à Eni e TPC para desenvolver alternativas ao butadieno.

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