Primeira turma do Programa de Pós-Graduação da Fundacentro defende dissertação de mestrado

 As primeiras dissertações de mestrado da Fundacentro ocorreram no final de agosto e início de setembro e todos foram aprovados 
Por ACS/DMS em 18/09/2013 

O Programa “Trabalho, Saúde e Ambiente” de pós-graduação stricto sensu da Fundacentro no final do mês de agosto e início de setembro teve as primeiras defesas de dissertações de mestrado.

A primeira defesa foi da aluna Caetana Diniz Marinho Taveira, que apresentou o projeto “O Trabalhador de Limpeza Hospitalar e o Acidente com Lesão por Instrumento Perfurocortante”. Caetana foi orientada pela doutora e pesquisadora da Fundacentro/SP, Teresa Cristina Nathan Outeiro Pinto. A banca foi composta pela doutora Marcilia de Araujo Medrado Faria, da Faculdade de Medicina da USP e pelo doutor e pesquisador da Fundacentro/SP, Walter dos Reis Pedreira Filho.

Caetana Taveira trabalha no Ministério Público do Trabalho (MPT), como analista e perita em engenharia de segurança do trabalho, disse que abordou o tema porque realizava o trabalho na estação de tratamento de resíduos e percebeu que ocorriam acidentes com perfurocortantes. “Esses acidentes aconteciam na última etapa antes da descontaminação, ou sejá, na deposição de material infectante no interior da unidade de tratamentos de resíduos. Em todas as etapas anteriores, desde o descarte inicial, havia o risco de lesão por esses instrumentos, especialmente quando da realização de limpeza das unidades hospitalares”, relatou a perita.

Para a perita, as atividades propostas durante o curso apresentaram novas formas de olhar sobre as condições laborais e as questões de segurança e saúde no trabalho. “Essas formas foram importantes para melhorar o trabalho que executo na Procuradoria. Não é simplesmente mudar a forma de apresentar o relatório pericial, mas sim, mudar a maneira de abordar o problema”, enfatizou Caetana.

A mestre utilizará os dados encontrados durante a sua pesquisa para auxiliá-la durante o trabalho de investigações em andamento no MPT. Para finalizar, Caetana destaca a competência e dedicação dos professores do mestrado “A minha orientadora, Teresa Nathan, e o doutor Carlos Sérgio Silva buscaram incessantemente dar um suporte de qualidade aos alunos, tanto no que se refere aos conhecimentos, quanto nos recursos necessários para o desenvolvimento dos trabalhos”, explanou Taveira.

Para a orientadora, Teresa Nathan, o tema foi importante porque existia uma lacuna nos dados sobre a população de trabalhadores de limpeza hospitalar, sobretudo nas empresas prestadoras de serviços, os hospitais e os contratos de terceirização. “Os acidentes com perfurocortantes eram significativos para esta população trabalhadora”, relatou Teresa.

A pesquisadora relatou que ficou muito satisfeita por orientar a mestre Caetana Taveira que possui experiência profissional ampla na área de SST. “Foi uma troca de conhecimentos, ideias e experiências, aprendi muito com todo este processo e espero continuar aprendendo com os próximos alunos”, enfatizou Nathan.

Para o coordenador do programa, Carlos Sérgio, o projeto da Caetana Taveira desenvolveu uma pesquisa em relação a um tema muito importante e bastante atual: os acidentes com perfurocortantes e que será de grande valia para os profissionais que atuam na área de Saúde, ressaltando os trabalhadores da limpeza dos hospitais e centros de saúde que são os principais prejudicados. “São acidentes que nem sempre se pode evitar devido também ao descuido ainda de alguns profissionais que manipulam agulhas, material descartável de cirurgias e outros procedimentos médicos, ou seja, não é falha dos trabalhadores da limpeza, mas de todo um sistema que não capacita os trabalhadores em relação aos riscos químicos, físicos e biológico, que o pessoal da saúde está submetido”, salientou Carlos.

Com o título: “Elementos para o Desenvolvimento de um Material de Comunicação de Riscos: As Fontes de Informação e sua Influência na Exposição ao Agrotóxico pelos Trabalhadores de Estufas de Flores e Plantas Ornamentais”, a segunda defesa foi da aluna e tecnologista da Fundacentro/SP, Glaucia de Menezes Fernandes.

Glaucia foi orientada pela pesquisadora da Fundacentro/SP, Alcinéia Meigikos dos Anjos Santos, e a banca foi composta pela psicóloga social do trabalho e professora da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Marcia Hespanhol Bernardo e pelo pesquisador e editor executivo da Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, Eduardo Garcia Garcia.

O tema escolhido pela tecnologista foi desenvolvido ao longo do curso para que conciliasse as áreas de SST e Design. Menezes é chefe do Serviço de Publicações (SPb) e formada em design. “Tinha interesse de conhecer e entender a percepção dos trabalhadores, e o fato de ser agregada ao projeto Exposição Ocupacional a Pesticidas: o trabalho em estufas de flores, da Fundacentro, trouxe um casamento perfeito, conciliando o projeto com esta nova área da pesquisa - sobre comunicação”, relatou Menezes.

Na visão da designer, a área de comunicação de riscos pode trazer boa parcela de contribuição para a área de SST, sobretudo na gestão de riscos, envolvendo a discussão participativa entre empregadores e empregados, para melhorar as práticas de prevenção de riscos, considerando-a como um subsídio educacional para o trabalhador.

Para ela, conciliar comunicação e SST não foi uma tarefa fácil. Embora exista literatura sobre comunicação de riscos, não existem muitos designers atuando nesta área. “Tive dificuldade de encontrar pensadores com a visão de projetos do designer em pesquisas de SST. Na Fundacentro, apenas o trabalho da chefe da Assessoria de Comunicação Social, Alexandra Rinaldi, discutiu comunicação de riscos, sob o foco da gestão”, salientou Glaucia.

A banca abordou algumas sugestões do qual a mestre poderá focar no doutorado e também em pesquisa, na forma de projetos para a Fundacentro, uma vez que há a necessidade de trabalhar com o público estudado na visão da comunicação de riscos. “É possível considerar o desenvolvimento de materiais de apoio em um trabalho educativo, entre outros possíveis projetos a serem amadurecidos. Vale lembrar que entre os requisitos para a Pós, está a elaboração e depósito de artigo científico para revista da área que tenha, pelo menos, Qualis B, em até quatro meses, após a defesa, no qual começarei a trabalhar neste mês”, finalizou Glaucia.

Carlos Sérgio, comentou que o tema desenvolvido por Glaucia Menezes sobre comunicação de riscos em termos de agrotóxicos utilizado em estufas de flores traz uma preocupação pouco abordada nos trabalhos de SST. Destacou que os apontamentos da banca: da professora e doutora, Marcia Bernardo, e do doutor Eduardo Garcia Garcia, pesquisador que transita há muito tempo no tema agrotóxico, trouxeram também contribuições fundamentais para o enriquecimento do trabalho.

Em setembro, ocorreram duas defesas de dissertação de mestrado. A candidata Márcia Fantinel Spindler, defendeu a dissertação sobre “O Regime Regulatório Brasileiro de Segurança e Saúde no Trabalho e a Gestão dos Riscos Ocupacionais: Discussão Sobre o Panorama Atual”, o orientador foi o administrador e chefe substituto da Diretoria de Administração e Finanças (DAF) da Fundacentro/SP, Paulo Cesar Vaz Guimarães.

A banca foi composta pelo pesquisador da Fundacentro/MG, Gilmar da Cunha Trivelato e pelo doutor em administração pública da Fundação Getúlio Vargas e pós-doutorado pela École des Hautes Études Commerciales de Montréal (HEC Montreal), Mário de Aquino Alves.

Nessa apresentação o coordenador do programa, destacou que a auditora fiscal Marcia Splinder desenvolveu um tema extremamente importante em relação ao Ministério do Trabalho e Emprego, que é o Regime Regulatório Brasileiro em SST e a Gestão dos Riscos Ocupacionais - Panorama atual.

O papel do orientador é fundamental, pois ele conduzirá o orientado no recorte da sua pesquisa. Ambos ao longo do trabalho interagem, cada um respeitando o outro. O orientador por sua vez estabelece uma relação educativa que possibilita um plano de elaboração científica. “Com a orientação do doutor Paulo Guimarães, a pesquisa desenvolvida terá importantes contribuições para os auditores fiscais do MTE”, salientou Carlos Sérgio.

O candidato Anildo de Lima Passos Junior defendeu o projeto: “Particularidades e Ineficiências na Gestão de Riscos Químicos em Fundições de Metais Ferrosos no Estado de São Paulo e seu Impacto na Prevenção da Ocorrência e do Agravamento de Danos à Saúde do Trabalhador”. A orientação foi feita pelo pesquisador e coordenador do Programa de Pós-Graduação, Carlos Sérgio da Silva.


A banca foi composta por Paulo José Teixeira, doutor em toxicologia e análises toxicológicas pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (FCF-USP) e presidente do Sindicato dos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (SINFAR-SP), e pelo pesquisador da Fundacentro/SP, João Apolinário da Silva.

A pesquisa da dissertação de Anildo Passos estava inserida em um projeto conjunto com a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo e com o Setor de Riscos Químicos da Coordenação de Higiene do Trabalho da Fundacentro. Esse trabalho foi iniciado em 2010, nas fundições de ferros do estado de São Paulo.

O orientador Carlos Sérgio explicou que o processo de trabalho envolvia estudos dos programas de gestão das empresas envolvidas, auditorias e reuniões nas empresas e no SRTE para discutir modificações nos sistemas de gestão de SST. “Processo muito rico, com análise de grande quantidade de material em termos de documentos, em termos de análise de filmes e fotos do processo produtivo e, que foi muito bem abordado pelo Anildo, no qual resultou em um material que será fundamental para nossos colegas auditores fiscais e empresas”, ressaltou Carlos.

Os desdobramentos em termos das auditorias e capacitação de profissionais de SST ligados ao processo produtivo ou não, isso porque a análise realizada em termos da gestão de SST realizada pelas empresas, que focaram principalmente o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais e o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional, mostrou incompatibilidade entre esses dois programas, uma vez que as Normas Regulamentadoras preconizam um trabalho conjunto dos profissionais que elaboram esses programas.

“Nós professores do Programa de Pós-Graduação Trabalho, Saúde e Ambiente da Fundacentro, estamos felizes com os resultados alcançados e com os futuros frutos a serem gerados por outras dissertações, sobretudo pelos desdobramentos das que já foram defendidas”, ressaltou Carlos Sérgio.

Comentários