Escolhidos a dedo

São Paulo - Engenheiro graduado no Peru, Luige Calderón decidiu fazer mestrado no Brasil por causa dos avanços das pesquisas do país em sua área de atuação: biocombustíveis. Em agosto de 2012, oito dias após defender sua dissertação na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Luige foi contratado pela Granbio, empresa que produz etanol de biomassa.
"Minha bagagem acadêmica era exatamente o que a empresa procurava", afirma Luige, que não considerou difícil a transição da universidade para a empresa. "Meu trabalho hoje é uma extensão da pesquisa que fiz no mestrado."
Nos últimos anos, a pressão para inovar e a dificuldade de encontrar profissionais altamente qualificados fizeram com que as empresas voltassem a atenção para o mundo acadêmico. Pesquisadores gabaritados que por anos tiveram o currículo ignorado no mercado corporativo ganharam uma nova alternativa de trabalho.
Para Diego Mariz, gerente da empresa de recrutamento Michael Page, de São Paulo, responsável pela seleção de profissionais para a área de engenharia, o movimento da universidade para a empresa é muito comum na área técnica atualmente. “É comum que um pesquisador de carreira migre para o mundo corporativo e trabalhe no desenvolvimento de produtos específicos”, diz Diego. 
A busca por especialistas acadêmicos é mais acentuada entre mestres do que entre doutores, segundo Antônio Carlos Galvão, diretor do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), de Brasília. Enquanto apenas 11% dos doutores no Brasil trabalham em empresa pública ou privada, o número de mestres empregados fora da universidade chega a 32%.
A diferença estaria no perfil mais maleá­vel dos mestres, que, em geral, têm menos raízes acadêmicas do que os doutores. “Os mestres têm mais facilidade de se inserir nos processos produtivos, além de ser mais baratos”, afirma Antônio Carlos.
Um novo perfil profissional
Muitas companhias têm desenvolvido programas de recrutamento nas instituições de ensino. É o caso da química Dow, que criou um programa para divulgar oportunidades de trabalho e identificar talentos. “É uma procura constante, já que trabalhamos com inovação e patentes”, diz Graziella Batista, gerente de desenvolvimento de pessoas da Dow em São Paulo.

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