BNDES anuncia 2ª Fase do Criatec E um novo fundo durante XII Conferência Anpei de Inovação


O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) estuda lançar uma segunda fase do Criatec, fundo de investimento na modalidade capital semente, e está criando um novo fundo para apoiar empresas nascentes que desenvolvam tecnologias verdes. A informação foi dada por Fernando Tavares, da área de análise de fomento e projetos e formulação de produtos para apoio à inovação do BNDES, durante a XII Conferência Anpei de Inovação Tecnológica, encerrada no dia 13 de junho (quarta-feira),em Joinville (SC).

Tavares participou do workshop “Investimentos Públicos de Risco: BNDES e Finep”, que contou também com a apresentação de Ada Gonçalves, da área de planejamento da Finep. Ela falou sobre o Programa Inovar, que busca incentivar a formação de um mercado de fundos de capital de risco no Brasil.

Tavares apresentou os programas existentes no BNDES para apoiar as atividades de inovação das empresas: o BNDES Inovação, o BNDES Automático e serviços que podem ser contratados pelas empresas que têm o Cartão BNDES, como testes em laboratórios, prototipagem etc, ações que são parte do processo inovador. “O BNDES entende que inovação é uma prioridade, o que se expressa na forma de condições diferenciadas nas linhas de financiamento que apoiam essas atividades. O objetivo do banco ao apoiar a inovação é aumentar a competitividade das empresas”, afirmou.

Na categoria investimentos de risco, a principal ação do BNDES é o fundo de capital semente Criatec. Na sua primeira rodada de aplicação de recursos, já encerrada, o fundo apoiou 42 empresas nascentes inovadoras no Brasil. Ele também falou de uma nova ação do BNDES nesse campo: a criação do Fundo de Inovação em Meio Ambiente, que vai ser direcionado para empresas que desenvolvam inovações em tecnologias verdes. Tavares não deu prazo para o lançamento do Criatec 2 e do novo fundo. Ele mencionou, ainda, o Funtec, cujos recursos são aplicados em projetos de universidades e institutos de pesquisa que têm potencial para se transformar em um produto ou serviço para o mercado.

Segundo Ada Gonçalves, da Finep, o último censo feito pelo Centro de Estudos em Private Equity e Venture Capital da Fundação Getúlio Vargas (GVCepe-FGV), em 2009, apontou que US$ 36 bilhões foram comprometidos no Brasil nas modalidades venture capital e private equity, que apoiam empresas cujos produtos ou serviços estão mais próximos de chegar ao mercado. Ela destacou, ainda, o bom momento vivido pelo Brasil, que apareceu na pesquisa Emerging Market Private Equity Survey 2011 como o país de maior atratividade em termos de investimento no mundo.

Ada fez um balanço das ações da Área de Investimentos da Finep, que são integradas no Programa Inovar: o Venture Forum Finep, o Inovar Fundos, o Seed Forum, o Inovar Anjos, e o Inovar Semente. A Finep comprometeu R$ 412 milhões em fundos de capital de risco, que investiram em 91 empresas. “Com os fóruns, a Finep identifica empresas interessantes para o mercado de fundos. Selecionamos e preparamos as empresas para receber esse tipo de investimento”, explicou. A Finep já realizou 12 edições do Seed Forum, 19 do Venture Forum e seis do Forum Brasil Abertura de Capital.

Investimentos privados de risco no Brasil são apresentados na XII Conferência Anpei -Com o objetivo de mostrar o que existe no Brasil em investimentos direcionados para empresas nascentes de base tecnológica, envolvidas com atividades de inovação de risco mais elevado, a XII Conferência Anpei de Inovação Tecnológica, encerrada nesta quarta-feira (13), em Joinville/SC, organizou o workshop “Investimentos Privados de Risco com Foco em Inovações”. Participaram dos debates Rodrigo Menezes, da Rede de Anjos, Reinaldo Coelho, gerente do fundo Criatec para a Região Sul do País, e Paulo Rezende, da Valora Investimentos.

Rodrigo Menezes explicou que os investidores anjos são pessoas físicas, em geral executivos bem sucedidos. Os investimentos dos anjos, em média, ficam na casa de R$ 200 mil a R$ 600 mil por empresa e o capital é aportado exclusivamente para o desenvolvimento do negócio. Em troca, o anjo tem uma participação na empresa. Esse tipo de investidor procura firmas próximas de onde ele está, pois quer participar do cotidiano da empresa na condição de colaborador, e não de gestor. “Além de capital, o investidor anjo aporta conhecimento, experiência; ele traz seu networking, uma visão fora da caixa para contribuir de forma ativa no desenvolvimento do negócio”, afirmou.

São exemplos de empresas que tiveram investidores anjo o Google, Intel, Apple, Facebook, e, no Brasil, Buscapé e Bematech. De acordo com Menezes, no Brasil, esse tipo de investidor tem procurado empresas nas áreas de biotecnologia, educação, energia, entretenimento, internet, saúde, tecnologia da informação e comunicação e produtos sustentáveis. Esses investidores costumam se unir em redes, como a Rede de Anjos. Menezes disse que 5.300 pessoas físicas já fizeram um aporte total de R$ 450 milhões em empresas no Brasil, mas o País tem 50 mil potenciais investidores anjos, com capacidade para aplicar R$ 5 bilhões nas empresas.

Reinaldo Coelho abordou o seed capital ou capital semente. O Criatec é o fundo mais conhecido no Brasil nessa modalidade. Esse tipo de fundo investe em empresas embrionárias e em estágio mais avançado de desenvolvimento do que as companhias que recebem aportes de investidores anjos, mas ainda distantes do mercado – no caso do Criatec, o investimento foi feito em companhias que faturam entre zero e R$ 6 milhões. O Criatec não está fazendo novos investimentos, mas o BNDES estuda lançar uma segunda rodada de captação de recursos para formar o Criatec 2. Os R$ 100 milhões disponíveis para a primeira rodada de investimento do Criatec estão sendo empregados em 42 empresas no Brasil.

“Normalmente encontramos recursos para a pesquisa de base, o problema é converte isso e ir para as etapas posteriores, mais próximas do mercado, ultrapassar o chamado Vale da Morte. Nessa fase, o principal obstáculo que se apresenta para as empresas é regulatório”, comentou. Segundo o executivo, o ambiente no Brasil para superar essa fase é mais difícil do que em outros países. Ele disse que as pessoas que fazem pesquisas básicas têm, na média, um perfil pouco empreendedor, o marco regulatório não está desenvolvido e os investimento para as startups são reduzidos. Contudo, há um movimento positivo de entrada de capital semente do exterior no Brasil, que pode gerar mais competição entre os fundos por bons projetos e alavancar essa modalidade de investimento.

Paulo Rezende falou das modalidades venture capital e private equity, que investem em empresas cujas tecnologias estão mais próximas de chegar ao mercado. Esses fundos são administrados por gestores, que procuram aportar os recursos em empresas que tenham produtos ou serviços que já mostram bom potencial de mercado e vantagem competitiva, atuem em mercados de rápido crescimento, tenham um bom modelo de negócios e transparência em relação ao investidor. “O plano de negócios é o melhor instrumento para articular todos esses pontos, é uma ferramenta para o planejamento e acompanhamento da empresa no longo prazo, e para a captação de recursos no curto prazo”, aconselhou.

Um dos pontos mais valorizados pelos gestores quando estudam investir é a equipe da empresa candidata. “Precisa ser uma empresa que tenha um time bem equilibrado em relação ao quadro de técnicos, administrativo, financeiro etc, que sejam sinceros sobre suas deficiências e orgulhosos sobre suas qualidades e saibam aonde quer chegar. Uma tecnologia não muito boa pode dar certo se a empresa for formada por uma equipe dedicada, mas uma equipe ruim pode matar um bom projeto”, concluiu.

Inovação permite produzir um refrigerador totalmente sustentável -O refrigerador Inverse Viva, desenvolvido pela Whirlpool Latin America – maior fabricante no setor do mundo –, é um produto que sintetiza o conceito de sustentabilidade. O case desse produto foi apresentado pela empresa durante a XII Conferência Anpei de Inovação Tecnológica, encerrada nesta quarta-feira (13), em Joinville (SC). “O Inverse Viva foi criado para atender a crescente preocupação do consumidor por produtos sustentáveis, verificada em várias pesquisas”, contou Mário Fioretti, gerente geral de Design e Inovação da Whirlpool.

O produto conta com compressores, encomendados à Embraco, que possibilitam ter uma eficiência energética 25% maior que os modelos convencionais. Possui ainda um sistema “modo férias”, pelo qual opera em ciclos mais eficientes por “entender” que haverá menos consumo de energia com a ausência do usuário.

Oitenta e cinco por cento do material utilizado no refrigerador podem ser reciclados – algo conquistado graças a uma intensa pesquisa de materiais. A Whirlpool também criou um sistema de logística reversa em parceria com a Wal-Mart. Quando o consumidor compra o produto numa das 136 lojas da rede, tem a opção de entregar seu refrigerador antigo para ser descartado corretamente.

“O conceito de sustentabilidade está presente também no processo”, contou Mário Fioretti. A unidade de descarte dos refrigeradores, onde já foram desmontados mais de 10 mil refrigeradores velhos, trabalha dentro de normas ambientais, com certificação ISO 14.001 desde 2003. Até o manual do refrigerador é feito de papel com certificação de madeira reflorestada. “Desde que foi lançado, em 2011, o produto superou todas as expectativas de vendas”, disse. Devido ao seu trabalho de logística reversa, a Whirlpool é a única empresa de linha branca a figurar no Guia Exame das empresas modelo em sustentabilidade.

Um produto flexível para os cinco continentes tem destaque na XII Conferência Anpei -O case de destaque da WEG, apresentado durante a XII Conferência Anpei de Inovação Tecnológica, encerrada nesta quarta-feira (13), em Joinville (SC), pelo gerente do Departamento de P&D da empresa, Sebastião Lauro Nau, mostrou os principais desafios técnicos e de gestão na condução de um projeto inovador e complexo como o da W22 – nova plataforma de motores por indução da empresa.

Para a WEG, ter um motor com maior eficiência energética era imperativo para atender à demanda dos seus clientes – às vezes mais exigentes que a própria legislação. Da mesma forma, era preciso diminuir os níveis de ruído e vibração – quesitos ligados à percepção de qualidade do produto. Como se não bastasse os desafios técnicos que essa proposição exigia, a plataforma deveria ser a base para as 150 linhas de motores da empresa, atendendo as especificações técnicas de cada país onde a empresa atua. Deveria ainda ter flexibilidade para ser produzida por todas as unidades do Brasil e do exterior.

O ponto de partida do projeto foi uma pesquisa de mercado para mapear as exigências dos diversos mercados, na qual foram rastreadas as características obrigatórias e as desejáveis na nova plataforma. Para a execução do projeto, dividiu-se a plataforma em sete subsistemas: carcaça, caixa de ligação, tampas, sistema de ventilação, eixos, mancais e projeto eletromagnético. Para cada subsistema, havia uma equipe de P&D e um coordenador, que se reportava a um coordenador geral.

Depois de lançada, a W22 começou a substituir a antiga plataforma da empresa. Hoje, a nova plataforma responde por 55% do faturamento da empresa, e dela saíram cinco pedidos de patentes e 20 pedidos de desenho industrial. “Ainda não terminamos de substituir a plataforma antiga em toda linha, mas já estamos pensando na concepção da próxima plataforma”, disse Sebastião Nau.

Do projeto, ele relata vários aprendizados. “Projeto deste tamanho precisa ter apoio da direção, comprometimento e integração dos evolvidos. Ferramentas de gestão devem ser adequadas à cultura da empresa. Técnicas de simulação são imprescindíveis para ganhar tempo no desenvolvimento do produto e diminuir o número de protótipos. Design arrojado faz a diferença, e pesquisas de mercado nem sempre são eficazes – pois muitas vezes nem o cliente sabe o que quer.”

Cooperação internacional permite criar um inovador sistema de amortecimento para veículos -Um bom exemplo da importância da cooperação para uma inovação nas empresas foi mostrado durante a apresentação do case de destaque da Magneti Marelli-Cofap durante a XII Conferência Anpei de Inovação Tecnológica, encerrada no dia 13 de junho (quarta-feira), em Joinville (SC). Líder em sistemas de amortecimento automotivo, o grupo decidiu incluir em seu portfólio sistemas semiativos para não correr o risco de ter sua imagem associada à de produtores de baixo conteúdo tecnológico. Ou o que era pior: ser excluído das plataformas mundiais dos fabricantes.

Aplicados em diversas partes do veículo, os sistemas semiativos de amortecimento possibilitam modificar, em questão de milésimos de segundos, as forças do amortecimento sobre a suspensão, com ganhos significativos em segurança e conforto. Antes restritos a veículos de alto custo, esses sistemas passaram a ser aplicados em outros segmentos de veículos. Atualmente, essa é uma tendência no mercado europeu, onde a eletrônica embarcada avança rapidamente.

Era a primeira vez que um projeto de tal complexidade seria conduzido pelo grupo. O projeto envolveu uma equipe multidisciplinar, diversas competências e interfaces do grupo. A concepção do sistema mecânico, por exemplo, foi desenvolvida no Brasil; a parte da válvula, por um fornecedor externo; e o sistema eletrônico, pela Itália. Foi preciso ainda uma linha de produção totalmente inovadora, implantada na fábrica de amortecedores do grupo, na Polônia. “Foi um projeto de alta complexidade, envolvendo culturas de engenharia de produto e processo multidisciplinares e internacionalizadas”, disse Massimo Seminara, executivo italiano que fez a apresentação do case.

Os sistemas semiativos de amortecimento da Magneti Marelli Cofap já estão presentes em alguns carros italianos, em modelos da Ferrari e da Fiat. O produto reforçou a imagem do grupo como líder em inovação de autopeças no mercado mundial.



Fonte e demais informações: http://www.revistafator.com.br/ver_noticia.php?not=206471

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