Metodologia alemã de incentivo à inovação poderá ser aplicada nos IPTs brasileiros

Brasília, 30 de maio a 1° de junho de 2011 - Nº 1040 - Ano 11

A ABIPTI e o Instituto para Inovação e Tecnologia de Berlim apresentaram na última sexta-feira (27), em Brasília (DF), um método voltado para o fortalecimento dos sistemas locais de inovação. Trata-se da “Analysis of National Innovation Systems” (Anis, na sigla em inglês), uma ferramenta que mede o nível de inovação e gera subsídios capazes de apontar soluções para os principais gargalos. O objetivo das instituições é aplicá-la nos institutos de pesquisa do Brasil.
     A metodologia já foi testada em dez países. Começou pela própria Alemanha, passou por outras nações europeias e hoje atende, principalmente, países em desenvolvimento. No Brasil, por exemplo, já foi aplicada em Manaus (AM). O grande diferencial é sua fácil aplicação e adaptação aos mais diferentes sistemas.
     “Nossa intenção é oferecer apoio aos formuladores de política para que eles possam transformá-las em prática”, explicou Helmut Kergel, vice-chefe do Departamento de Cooperação Tecnológica Internacional e Clusters do instituto alemão, durante o evento realizado em Brasília.
     A iniciativa será encabeçada pela ABIPTI e a proposta é envolver primeiramente os institutos de pesquisa associados. De acordo com a presidente da Associação, Isa Assef, o estudo mostrará o estágio de inovação nessas entidades - agentes fundamentais para a transferência do conhecimento gerado na academia para o mercado. Espera-se facilitar o processo de elaboração de políticas públicas, com vistas a fortalecer a agenda brasileira de inovação, principalmente no setor privado.
     “Os institutos precisam estar preparados para serem sustentáculos da inovação no país. Eles desempenham um papel fundamental nesse processo e para impulsionar sua atuação é preciso não só ter pessoal qualificado e capacidade de gestão, como também saber sua responsabilidade nesse cenário e as condições reais para inovar”, explicou.
     Segundo ela, o processo não será imperativo e participará quem realmente deseja fortalecer sua atuação no Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (SNCTI). De acordo com Isa Assef, o mapeamento é fundamental para alocar recursos onde realmente é necessário.
     Na avaliação da presidente da ABIPTI, o momento atual é oportuno, com mudanças significativas em vista. Um exemplo é a transformação da Finep em um banco, o que deverá direcionar mais recursos financeiros para inovação. “O governo brasileiro está se esforçando. Precisamos fazer a nossa parte também”, completou.
     Na capital amazonense, o estudo foi realizado num prazo de três meses e envolveu a Fundação Centro de Análise, Pesquisa e Inovação Tecnológica (Fucapi) e outras instituições públicas e privadas, como o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa).
     Segundo o engenheiro Guajarino de Araújo Filho, coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Inovação (Nepi) da Fucapi, embora recente, a pesquisa conseguiu animar o ambiente local de inovação. “O fato desse método ser objetivo, envolver um grande número de atores e ao mesmo tempo trazer resultados práticos foi decisivo para a realização do estudo”, disse.
     Retrato da inovação

    
O objetivo da Anis é traçar um retrato da maturidade da inovação em determinada região. O método é avaliado periodicamente e todo o seu trabalho é apoiado em indicadores. A metodologia mapeia as fortalezas e fraquezas do sistema de inovação, permitindo alavancar a capacidade local de forma organizada.
     A abordagem envolve três níveis: Macro, no qual são definidas as políticas de inovação, que influenciam diretamente as condições estruturais desse sistema; Micro, que compreende os beneficiários dos mecanismos de apoio e os provedores de inovação; e Meso, que conecta os outros dois níveis, transformando políticas em práticas, por meio de instituições e programas.
     Estes níveis são estratificados em 30 diferentes determinantes representativos, abordados em um questionário e avaliados por meio de perguntas direcionadas a atores que fazem parte do sistema. Com os resultados em mãos é possível identificar os pontos fortes e fracos e apontar o que precisa ser feito para modificar o quadro.
     O mapeamento é comparado aos resultados de outros países e o escopo da intervenção é determinado a partir dessas comparações. “Dessa forma é possível priorizar áreas para apoio”, completou Guajarino. É importante destacar que são recomendadas ações para setores onde realmente é possível intervir e trazer resultados efetivos de grande impacto, com esforços menores.
     O estudo Anis realizado em Manaus está disponível neste link.
     (Cynthia Ribeiro para o Gestão C&T online) 

Fonte e demais informaçõeshttp://www.gestaoct.org.br/

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