Fundos de Capital Semente

Os Fundos de Capital Semente estão chegando gradativamente e se formando aos poucos, na medida em que os investidores entendem o risco real que assumem e as possibilidades de ganho que tem nesses tipos de fundos.

Os Fundos de Capital Semente apoiam as empresas nascentes e as novas. Este apoio consiste na sua capitalização em troca de uma parcela de suas cotas ou ações, assumindo o risco de sucesso desses empreendimentos. Como se pode perceber são empresas que atravessam o momento de maior risco em seu ciclo de vida, mas que oferecem o maior premio pelo bom resultado.

O apoio dos Fundos de Capital Semente às empresas investidas necessita ser maior que simplesmente o investimento financeiro e o controle da implantação dos planos dessas empresas. É necessário, até mesmo para reduzir o risco, lhes fornecer serviços de mentoria. O melhor caminho para isso é a constituição de parcerias com incubadoras, especializadas em desenvolver empresas nascentes, para que estas realizem este serviço.

Ainda assim, sob o ponto de vista do investidor individual é possível que a opção de colocar recursos financeiros nos Fundos de Capital Semente seja pouco competitiva como alternativa de investimento. É que não existe ainda histórico desses Fundos de Capital Semente para que se possa apresentar ao investidor e convencê-lo que vale a pena ter uma parcela de seu dinheiro aplicado neste tipo de fundo.

O remédio encontrado pela FINEP para estimular a criação dos Fundos de Capital Semente foi participar de seu capital e aceitar que, em caso de insucesso do fundo ao fim de sua vigência, seu capital poderia cobrir até 20% dos eventuais prejuízos. Ainda, na hipótese de sucesso, a FINEP abre mão de receber sua parcela do lucro em prol dos demais investidores, que passam a aumentar seu percentual de ganho com o Fundo.

Outro aspecto desse tipo de fundo que afasta os investidores é a sua duração: o ciclo de vida ideal para que os Fundos de Capital Semente venham a produzir resultados positivos é de sete anos. Os investidores, portanto, depositam suas aplicações no Fundo e aguardam sua liquidação sete anos depois, sem poder retirar seu investimento. Nos tempos atuais, de muitas oscilações na economia e de incertezas quanto ao futuro, investir por sete anos é algo que assusta os investidores e os afasta desse tipo de aplicação.

Uma resposta a isso tudo poderia ser a formação de grupos organizados de investidores em capital anjo: nesse caso, o investimento seria feito por empresa, com duração de dois a quatro anos em cada uma. Esta hipótese de investimento pode ter seu sucesso ampliado com a parceria com incubadoras que orientariam as empresas investidas, além dos próprios anjos investidores.

O aspecto que pode ser mais vantajoso nos Fundos de Capital Semente é a redução do risco pelo compartilhamento do investimento em diversos empreendimentos. No caso do investimento anjo, se a empresa investida tiver sucesso o resultado que pode ser obtido é muito bom e talvez supere o de um Fundo de Capital Semente. Mas, em caso de ter sido feita a aposta numa empresa que não se desenvolve, fica difícil encontrar formas de saída e recuperação do capital investido.

Como de pode compreender, há um caminho difícil e longo a ser vencido pelos Fundos de Capital Semente para que possam obter investidores e realizar a sua importante missão que é muito desejável no ambiente empreendedor brasileiro.

Francamente, pela experiência que temos tido com a incubação de empresas nascentes e seu desenvolvimento na fase de pós-incubação há oportunidades estimulantes para que os investidores obtenham ganhos competitivos. Isso é verdade tanto nos investimentos como anjos quanto nos Fundos de Capital Semente. As empresas nascentes e novas, especialmente as que têm o apoio das incubadoras de primeiro nível, tem um potencial de crescimento nos seus primeiros cinco anos de vida na medida em que façam projetos de desenvolvimento, bem planejados e com o suporte de uma boa mentoria.

Comentários