O Nobel de Física e a nova eletrônica

Segundo o francês Albert Fert, a spintrônica deve levar a memórias de computador mais poderosas
© Eduardo Cesar
Quase trinta anos depois dos primeiros estudos teóricos, começam a tomar forma os primeiros dispositivos que representam uma nova forma de eletrônica: a spintrônica, que explora não a carga elétrica, mas outra propriedade, o spin (ou sentido do giro) dos elétrons.
Empresas dos Estados Unidos, da França e do Japão devem lançar em um ano as versões comerciais de memórias magnéticas de computador, já com recursos de spintrônica, capazes de armazenar e transmitir informação e de reduzir à metade a perda de energia.
“Os teletransmissores com base na transferência de spin também devem chegar logo, em um ou dois anos, aprimorando a transmissão de sinais por micro-ondas”, informou o físico francês Albert Fert, pesquisador do Centro Nacional de Pesquisas Científicas (CNRS). Um dos ganhadores do Prêmio Nobel de Física de 2007, Fert participou da Escola São Paulo de Ciência Avançada (ESPCA) do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), em Campinas. A ESPCA é uma modalidade lançada em 2009 pela FAPESP para financiar a organização de cursos de curta duração em pesquisa avançada nas diferentes áreas do conhecimento do estado de São Paulo.
Fert e o físico alemão Peter Grünberg receberam o Prêmio Nobel de Física de 2007 por causa da identificação simultânea, em 1988, da magnetorresistência gigante, um efeito mecânico quântico observado em materiais composto por materiais magnéticos e não magnéticos que reduz a resistência elétrica.
Esse efeito, aplicado a partir de 1997, permitiu a ampliação da memória de computadores e celulares, quebrando a barreira dos gigabytes (GB). O disco rígido de 100 GB de um aparelho de áudio portátil da Toshiba “é coisa do passado”, definiu Fert.
A magnetorresistência gigante é a base da spintrônica, que permite a geração de memórias não voláteis e ainda mais potentes que as atuais, como as que a IBM, dos Estados Unidos, NEC, Sony e Hitachi, do Japão e a francesa Thales devem apresentar publicamente em breve. “Esses novos conceitos da física estão sendo aplicados rapidamente em novos produtos, diferentemente do que vemos, por exemplo, na geladeira, cuja tecnologia básica é dos anos 80”, disse Fert.
Uma das razões é o longo trabalho conjunto entre centro de pesquisas e empresas. O grupo francês Thales é um dos financiadores do laboratório de Fert, ao lado do CNRS, desde 1994. “Desde o início das nossas pesquisas nessa área a empresa está conosco”, destaca o físico.

Fonte e demais informações: http://www.revistapesquisa.fapesp.br/?art=7002&bd=2&pg=1&lg=

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